20 de janeiro de 2023 11:14 por Da Redação
Um milhão, quinhentos e noventa e oito mil, seiscentos e oitenta e cinco passageiros por ano. Esse foi o tamanho do prejuízo causado pela extinção de seis linhas que trafegavam pela região afetada pelo desastre geológico causado pela Braskem em Maceió. Nem mesmo escrito assim, por extenso, o número consegue retratar fielmente a dimensão da tragédia.
Em 2020, com a interdição de bairros como Mutange, Bebedouro e Pinheiro, várias linhas pararam de circular na região, causando impacto na vida de milhões de pessoas e também na mobilidade urbana da capital. Além daqueles que tiveram que sair às pressas de seus lares, outros tantos tiveram suas rotinas bruscamente alteradas pelas atuação da Braskem, com o risco iminente de uma catástrofe com a possibilidade de causar pelo menos 10 vezes mais mortes que o rompimento da barragem em Brumadinho*.
Por consequência, também houve reflexo no contrato de licitação assinado entre as empresas de transporte público e o órgão gestor, que delimita lotes específicos de operação com duração de 15 anos. A evacuação dos moradores, resultado da atuação da Braskem na extração de sal-gema, obrigou a extinção das linhas sem remanejamento, o que vem impondo prejuízos constantes desde então. Cerca de 5% dos passageiros totais simplesmente “desapareceram”.
As linhas afetadas, entre extintas e as que tiveram seu itinerário alterado, foram:
024 – Sanatório/Centro
025 – Sanatório/Centro
055 – Chã Nova/Centro (via Bebedouro)
059 – Rio Novo/Centro (via Bebedouro)
060 – Chã da Jaqueira/Centro
064 – Rosane Collor/Centro (via Bebedouro)
071 – Osman Loureiro/Centro (via Bebedouro)
608 – Gruta de Lourdes/Maceió Shopping
609 – Vila Saem/Maceió Shopping
618 – Gruta de Lourdes/Cruz das Almas (via Ponta Verde)
700 – Sanatório/Ponta Verde
Impacto atingiu também rodoviários
Os rodoviários também foram afetados pelas mudanças causadas pelo afundamento nos bairros, tanto profissionalmente como na vida pessoal. Anderson Renato, da empresa São Francisco, foi um dos que sentiu na pele o prejuízo – não só ele, como também sua família. Rodoviário há 18 anos, ele trabalhou em linhas como Rosane Collor/Ponta Verde e Clima Bom/Trapiche, que circulavam na região.
“Eu morava na Chã de Bebedouro com meus pais e a área não foi afetada, mas a casa da minha avó era no Flexal de Cima, e ela precisou sair de lá. Ela morava no mesmo local há 80 anos”, conta Anderson, que hoje é motorista instrutor. “Além de trabalhar na região, eu tinha muitos amigos por lá. Tanta gente adoeceu, pelo apego que tinha às casas, ao bairro, ao local onde conviviam. Ainda que alguns tenham recebido a indenização, o dinheiro nunca paga as lembranças, os momentos que viveram lá”, relembra o rodoviário.
Fonte: Sinturb