27 de janeiro de 2023 3:25 por Da Redação
A Tribuna Independente desta sexta-feira, 27, dedicou uma página a mais uma grave denúncia contra a Braskem. Após afundar cinco bairros de Maceió por causa da extração irresponsável de sal-gema, a petroquímica vem retirando toneladas de areia de praia de um terreno às margens da AL-101 Sul, em área de preservação ambiental no município de Marechal Deodoro.
A denúncia foi feita por um amigo ao jornalista Ricardo Rodrigues, que foi ao local e confirmou o fato. “Na conversa com esse amigo, que reside a poucos quilômetros do local do crime, fiquei sabendo que o terreno, vítima da retirada criminosa da areia, pertence à Igreja Católica de Alagoas. Foi doado, anos atrás, à Cúria Metropolitana, por um médico famoso, para que ali fosse erguida uma unidade de a saúde e não desastre ambiental”, relata.
A igreja, assim como as autoridades que deveriam proteger o meio ambiente, silenciam diante da denúncia. A empresa que extrai areia do terreno, inclusive com licenciamento ambiental conforme indica placa em frente ao empreendimento, adota postura duvidosa.
“Mostramos interesse pela areia, mas os funcionários da Mandacaru Extração de Areia disseram que não tinham areia de praia para vender. Eles negaram que a areia retirada da área estava sendo vendida à Braskem e revelaram que o Sítio Accioly é quem fornece o material para a mineradora”, relata o repórter.
“Ligamos para Sérgio Accioly, dono do sítio, mas ele não atendeu nossas ligações, mas um funcionário dele confirmou o fornecimento de areia e aterro à mineradora. Por telefone, falamos também com o gerente da Mandacaru e este disse que a empresa tem sede também em outros municípios, a exemplo de Messias e Rio Largo”, acrescenta.
Procurada, a Braskem confirma que utiliza areia e a finalidade da compra. “A Braskem utiliza areia no preenchimento de alguns dos 35 poços de sal, conforme o plano de fechamento apresentado às autoridades públicas e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). A areia é proveniente de jazidas existentes em Alagoas e devidamente licenciadas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e ANM. Os fornecedores possuem autorização dos órgãos competentes, que acompanham todo o processo”, manifestou-se, em nota.
A assessoria também afirmou que a extração de areia na área em questão não era feita pela Braskem e sim pela empresa licenciada para esta operação. “Assim sendo, consideramos que o correto é que a própria empresa se explique”, respondeu.
A Prefeitura de Marechal Deodoro, a Igreja e o IMA não responderam aos questionamentos da Tribuna sobre a extração de areia numa área que deveria ser de preservação permanente.
Já o Ministério Público Federal (MPF) foi lacônico na resposta: “Não! Nós nunca recebemos denúncia de retirada de areia de áreas proibidas. E não tínhamos conhecimento dessa retirada, então não estamos atuando nesse caso”.
Segundo um ambientalista, depois dessa operação, nunca mais aquela área será totalmente recuperada, mesmo que a empresa exploradora seja condenada a devolver toda areia retirada.
A reportagem completa pode ser lida aqui.