31 de janeiro de 2023 11:21 por Da Redação
Por André Cintra, do portal Vermelho
A crise humanitária vivida pelos yanomamis levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a pôr o combate ao garimpo ilegal no centro de seu governo. Nesta segunda-feira (30), após reunião com sete ministros e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, Lula determinou uma das medidas mais importantes nessa direção: o corte imediato dos tráfegos aéreo e fluvial que abastece ações criminosas de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
“As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos”, informou o governo, em nota. “As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças.”
Hoje, cerca de 20 mil garimpeiros atuam à margem da lei na região. Com essa presença devastadora, ao menos 570 crianças yanomamis morreram em decorrência de contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, o que levou o Ministério da Saúde a decretar estado de emergência.
Devido ao surto de desnutrição no território – que acomete sobretudo crianças e adolescentes –, o governo vai intensificar a assistência nutricional e ampliar a segurança de profissionais de saúde deslocados para as aldeias. Uma força-tarefa vai investigar o grau de contaminação por mercúrio nos rios e nas pessoas. Além disso, poços artesianos e cisternas vão garantir o acesso mais rápido de água potável à comunidade.
Conforme a nota do governo, “o presidente determinou que todas essas ações sejam feitas no menor prazo, para estancar a mortandade e auxiliar as famílias yanomami”. Os ministérios também foram orientados a acelerar a implantação de medidas de combate ao garimpo ilegal e de proteção aos indígenas. Caberá ao Ministério dos Direitos Humanos, por exemplo, realizar visitas técnicas à região e propor medidas emergenciais.
À tarde, durante coletiva com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, Lula reiterou a ofensiva do governo. “Temos que parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo”, afirmou a jornalistas. “O governo brasileiro vai tirar e acabar com qualquer garimpo a partir de agora. E não vai haver mais, por parte da agência de minas e energia, autorização para alguém fazer pesquisa em qualquer área indígena.”