sexta-feira 20 de setembro de 2024

Com juros atuais, vem recessão brava pela frente

Nos próximos meses veremos: O aumento exponencial de estouro de grandes empresas. A impaciência cada vez maior de Lula com a falta de resultados na economia. Embates frontais com o BC.
Comércio fechado em Divinópolis | Divulgação

Por Luis Nassif, do Jornal GGN

Há uma enxurrada de empresas em dificuldades, em recuperação judicial ou falência. Livraria Cultura, Abyara, Tok Stok, empresas do setor imobiliário, da área têxtil. Com os níveis atuais de juros, a recuperação se torna um desafio difícil. Somem-se rodadas de demissões, especialmente na área tecnológica.

A médio prazo, há possibilidades em aberto, os investimentos da Petrobras, algum investimento em obras públicas, a transição energética. Para o ano, haverá algum alívio com a volta do Bolsa Família e da Minha Casa Minha Vida.

Mas será pouco para contrabalançar os estragos trazidos pela estrutura de juros, não apenas pela Selic de 13,75%, mas por toda a estrutura de juros da economia, do crédito ao consumidor ao crédito às empresas.

O BNDES, que poderia ser um fator anticíclico, esbarra no esvaziamento promovido pelo governo Bolsonaro e pelo piso de juros dado pela Selic.

Por outro lado, o enorme carnaval promovido pelo jornalismo financeiro em parceria com o mercado, após as declarações de Lula contra os juros, resultaram em acenos de paz do lado de Roberto Campos Neto e do Ministro Fernando Haddad, cuja única utilidade é a de permitir que almocem civilizadamente, sem dar caneladas debaixo da mesa. Todas as regras do jogo foram mantidas. Manteve-se a mesma meta de inflação e, caso se aumentasse em 0,25 ou 0,50, não alteraria em um décimo o nível da taxa Selic.

Mantidas as regras atuais, das metas inflacionárias, o mínimo que se exigiria do Banco Central seria uma atuação pró-ativa nos mercados de câmbio e de juros. Mas, não. A TV GGN Nova Economia, ontem, produziu um debate instrutivo com Mônica de Bolle, economista do Instituto Paterson – comandado por Oliver Blanchard, um dos economistas que mais têm estudado as disfunções das políticas monetária e fiscal pós-2008.

Essa discussão jamais chega ao país, graças a uma parceria negativa entre o chamado mercado e a imprensa financeira. Como admitiu Mônica, há uma decadência generalizada na cobertura, com jornalistas não tendo a menor preocupação em entender os princípios da teoria, limitando-se a repetir frases feitas.

Não apenas isso. Há uma apropriação total da política monetária pelo mercado. Quem define as expectativas de inflação? Apenas instituições financeiras. Quem opera o mercado de câmbio e de juros? Apenas o capital financeiro, sem nenhuma interferência do Banco Central. Por sua vez, a diretoria do banco foi assumida integralmente pelo mercado, com diretores mais preocupados em garantir o emprego, pela porta giratória, do que enfrentar os dogmas de mercado.

Tudo isso faz com que o jogo de expectativas fique em mãos do mercado. Em qualquer país sério, o Banco Central teria todas as condições de enfrentar as marolas do mercado – mesmo porque, conhece todas as posições das instituições financeiras. Mas do BC de Campos Neto não se espere nada.

O atual governo não ousou sequer alterar a composição do Conselho Monetário Nacional, trazendo de volta representantes do comércio, indústria, serviço e trabalhadores, como era antes do governo FHC entregar o CMN inteiramente a representantes do mercado.

Nos próximos meses, se observará o seguinte:

  1. O aumento exponencial de estouro de grandes empresas.
  2. A impaciência cada vez maior de Lula com a falta de resultados na economia.
  3. Embates frontais com o BC.
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