21 de fevereiro de 2023 5:12 por Da Redação
Por Gabriela Oliveira
Paulina Chiziane ou de forma mais íntima, a contadora de histórias – é natural de Moçambique, autora de romances e ganhadora do importante Prêmio Camões, em 2021.
Em entrevista ao RTP África, Paulina destaca a importância de debater sobre a violenta colonização europeia. A visão eurocêntrica impõe uma perspectiva racista, que demoniza os povos negros e tudo relacionado a eles é algo “maligno”.
Pode-se ver nos livros de História, os povos trazidos para cá através do processo de escravização, para não se tornarem mais perseguidos e violentados, infelizmente, sofreram o silenciamento da sua própria cultura. Orixás não poderiam ser cultuados, a única forma seria associá-los aos santos da Igreja Católica.
A autora destaca: “Quando eu era menina entre 6 e aos 10 anos, eu estava na escola primária e estudava um catolicismo católico. Os anjos eram brancos ou brancas, loiros com olhos azuis, Jesus Cristo também. O diabo era preto, parecido com meu pai, parecido comigo.”
Confira a entrevista abaixo:
Numa sociedade racista e intolerante religiosa, atos como estes, segundo eles, não passam de “mimimi”. E ainda é atual este tipo de comportamento, podemos citar como formas de colonização e embranquecimento, as missões realizadas pela Igreja Evangélica. Para eles, apesar de toda a sua história de origem, Jesus branco, dos olhos azuis e cabelos lisos é a figura real.
Paulina é um exemplo de resistência negra e feminina, lutou contra opressões indo além da literatura, constituiu a Frente da Libertação de Moçambique. Em suas obras, ressalva o espaço ocupado pela figura da mulher negra na sociedade Moçambicana. Paulina expande nossa mente com questionamentos fundamentais. Na entrevista, a autora nos dá uma completa aula de História.