28 de fevereiro de 2023 6:26 por Da Redação
Depois de desmontadas e adormecidas nos governos Temer e Bolsonaro, as instituições do Estado voltam a funcionar. Além da tragédia yanomami, o mais recente registro de desrespeito a seres humanos veio à luz do dia em Bento Gonçalves-RS.
Trabalhadores eram aliciados no estado da Bahia para trabalhar nas vinícolas daquele município, em situação análoga à escravidão, na colheita, carga e descarga de uvas. Os 207 trabalhadores resgatados denunciam que foram vítimas de ameaças e maus-tratos, incluindo o uso de choques elétricos e spray de pimenta. Este já é o maior resgate deste tipo na história daquele Estado.
A situação foi denunciada após seis homens conseguirem fugir do local onde viviam e buscar contato com a Polícia Rodoviária Federal, que prestou auxílio aos trabalhadores e deu início à operação.
“Tomei cadeirada, spray de pimenta, estou com os dentes moles. Eu escutei eles falando que um carro estava vindo para levar para me matarem. O tempo dos escravos eu não vivi, acho que nem minha bisavó viveu. Hoje vai existir escravo de novo? Não vai. O que depender de mim, não vai, eu vou abrir minha boca, eu vou falar que tá errado”, relatou o trabalhador.
O modus operandi é o mesmo em todos os estados do Brasil em que é detectado esse tipo de situação. Havia uma empresa prestadora de serviço contratada, nesse caso, pelas vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, para recrutamento de trabalhadores.
A partir de janeiro de 2023, começaram a atuar, além da Inspeção do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. A assistência social do município e a Secretaria de Justiça do Rio Grande do Sul deram apoio no processo de acolhimento de vítimas.
O vinho e o suco de uva dessas empresas têm o gosto e o aroma do suor e sangue desses trabalhadores que foram submetidos ao trabalho escravo nos vinhedos de Bento Gonçalves.
Marca registrada bolsonarista
O ex-presidente Bolsonaro é o responsável por refrear as ações dos órgãos de fiscalização do Estado. A fúria em destruir o Estado brasileiro se transformou numa política de governo.
Isso resulta em acontecimentos trágicos como o que ocorreu na Amazônia com os indígenas, o contrabando de madeira, flagrado pela Polícia Federal, a autorização para garimpeiros agirem em territórios indígenas, além dos assassinatos ocorridos nas áreas de conflitos.
O flagrante no Rio Grande do Sul é mais uma ponta desse mecanismo macabro comandado por Bolsonaro e impulsionado pelos seus apoiadores, que agiram à margem da lei.