quarta-feira 15 de janeiro de 2025

‘Não é justo a mulher ter que escolher entre ter família e trabalhar’, diz economista do Dieese

Boletim feito pela entidade revela a inserção das mulheres no mercado de trabalho
Rendimento médio mensal das mulheres é 21% menor do que o dos homens, segundo o Boletim | Arquivo Agência Brasil

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sociais (Dieese) divulgou, agora no mês de março, um boletim que trata da situação das mulheres no mercado de trabalho. Os dados do boletim apontam que elas são maioria no mercado, mas enfrentam profundas desigualdades de rendimento e nos tipos de ocupações.

Para comentar estes dados, o Central do Brasil entrevistou a economista Patrícia Costa. Ela falou sobre o número de mulheres ocupadas, hoje, no mercado de trabalho e os desafios enfrentados por elas em cada segmento.

O rendimento médio mensal das mulheres é 21% menor do que o dos homens, segundo o Boletim. Quando o grau de instrução da função é mais elevado, a desigualdade de rendimento também aumenta. No setor de educação e saúde, elas ganham 32% a menos.

“Quanto maior o cargo, maior também será a dificuldade da mulher crescer na carreira. O que está por trás disso é que as mulheres têm dificuldade de seguir a carreira porque, para ela, é sempre aquela escolha: a carreira ou os meus filhos. É necessário que se tenham oportunidades de crescimento de carreira e que pense que as mulheres possam sair para cuidar das crianças”, analisou.

“Não é justo a mulher ter que escolher entre ter família e ter trabalho. Por que ela não pode trabalhar e ter família?”, questionou.

Ela citou, por exemplo, que as famílias chefiadas por mulheres são as que têm a menor renda e que isso só traduz o nível de desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

“A partir do momento que a inserção da mulher no mercado de trabalho é desigual, a família acaba sentindo essa desigualdade, uma vez que a renda da família será a renda da mulher, que já é menor. Uma menor renda significa, por exemplo, que os filhos, que estão estudando, vão precisar parar os estudos e ir para o mercado de trabalho”, explicou.

A economista também lembrou, na entrevista, que estes indicadores são ainda mais difíceis para as mulheres negras.

“Para mudar isso, a gente tem que agir em diversos lados. A política para a mulher tem que ser algo transversal e perpassar todas as políticas. As mulheres precisam estar presente nas pautas de Planejamento, Habitação, Crédito”, apontou.

A entrevista completa com a economista Patrícia Costa você acompanha na edição dessa segunda-feira (13) do programa Central do Brasil

Assista ao programa completo:

E tem mais! 

O programa continuou falando sobre a baixa presença de mulheres no espaços de decisão. Embora representem 23% da diplomacia brasileira, as mulheres ainda chefiam apenas 19 embaixadas do Brasil em todo o mundo, especialmente em postos de menor relevância. Um problema histórico do Itamaraty, que a Associação de Mulheres Diplomatas do Brasil luta para corrigir durante o governo Lula, embaladas pelo discurso pela paridade de gênero. É o que mostra a reportagem de Alex Mirkhan.

Em Minas Gerais, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação, o Sind- UTE – MG, passa por um momento difícil. Devido a uma multa aplicada pelo governo do estado, a instituição não tem como se manter nos próximos meses. Quem conta essa história é a repórter Amélia Gomes

O Central do Brasil é uma produção do jornal Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e emissoras públicas parceiras espalhadas pelo país.

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