Por Philip Pullella, da Reuters
Um dos mistérios mais duradouros da Itália, o desaparecimento de uma estudante do Vaticano há 40 anos, ganhou um novo capítulo nessa terça-feira (11), quando seu irmão se encontrou com um investigador do Vaticano a quem o papa Francisco autorizou para chegar ao fundo do caso, onde quer que leve.
Nas últimas quatro décadas, tumbas foram abertas, ossos foram exumados de túmulos esquecidos e teorias da conspiração surgiram em tentativas de determinar exatamente o que aconteceu com Emanuela Orlandi.
Filha de um funcionário do Vaticano cuja família morava na Cidade-Estado, Orlandi, então com 15 anos, não voltou para casa em 22 de junho de 1983 após uma aula de música em Roma.
O caso, que tem sido objeto de investigações intermitentes na Itália e no Vaticano, atraiu nova atenção mundial após o lançamento no final do ano passado da série da Netflix “A Garota Desaparecida do Vaticano”.
Em janeiro, o procurador-chefe do Vaticano, Alessandro Diddi, reabriu uma investigação anterior inconclusiva depois de ter herdado arquivos de seu antecessor aposentado.
O irmão mais velho de Emanuela, Pietro, e a advogada da família, Laura Sgro, se encontraram com Diddi no Vaticano na tarde dessa terça-feira (11).
Em entrevista ao Corriere della Sera antes da reunião, Diddi disse que o papa Francisco quer que “a verdade surja sem reservas”. Ele disse que o papa tem uma “vontade de ferro” em relação ao caso.
Diversas teorias sobre o desaparecimento de Orlandi se difundiram ao longo dos anos. Na década de 1980, a imprensa italiana especulou que ela havia sido sequestrada em uma tentativa de garantir a liberdade de Mehmet Ali Agca, o turco preso em 1981 por tentar assassinar o papa João Paulo 2º, embora nada tenha surgido da conexão e a sugestão tenha desaparecido.
A polícia nunca excluiu a possibilidade de que Orlandi tenha sido sequestrada e possivelmente morta por motivos sem conexão com o Vaticano, ou tenha sido vítima de tráfico humano.
Ela estaria com 55 anos agora.