quinta-feira 31 de outubro de 2024

Bilionários disfarçados de filantropos sequestraram educação brasileira

12 de abril de 2023 1:31 por Da Redação

Foto: Divulgação

Os bilionários brasileiros capturaram, nos últimos anos, a educação pública brasileira. Atuam com desenvoltura nas entranhas do Estado brasileiro com poderosos lobbys, atraindo gestores em diversos níveis de responsabilidades no Ministério da Educação (MEC), nas universidades públicas e privadas, nos governos estaduais e municipais.

O discurso é o de que querem e estão contribuindo para a melhoria da educação brasileira. As organizações empresariais, como institutos e fundações, são os dutos legais para onde são destinados dezenas de milhões de reais na modalidade isenção de impostos.

É poderoso o lobby dos bilionários, que vestem um disfarce de filantrópicos, se apresentam como doadores, mas, não é isso na prática o que ocorre. O dinheiro é transformado em propaganda dessas instituições que levam as marcas das empresas e dos bilionários e suas famílias.

O pesquisador Fernando Cássio, doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, faz parte da Rede Escola Pública e Universidade (REPU). Ele afirma, em artigo na revista Carta Capital (03/04/2023), “que para aliviar as responsabilidades de governos estaduais e fundações/institutos empresariais pela tragédia educacional em curso no país, os defensores da manutenção da reforma do ensino médio trouxeram à baila um velho bode expiatório: Jair Bolsonaro”.

Continua o professor: “Agora, a acusação é de que o MEC do governo anterior não realizou uma coordenação nacional para a implementação da reforma, razão pela qual se produziu a hecatombe que temos visto nas escolas. E qual é o problema dessa argumentação?”

Como estratégia, os bilionários, através de seus porta-vozes, mudaram o discurso sem vacilar.

“Culpando o governo Bolsonaro, os fiadores bilionários da reforma do ensino médio reconhecem os problemas sem comprometer a si mesmos e as relações com as secretarias estaduais de Educação, que lhes estendem tapetes vermelhos. Esta seria a estratégia. O governo Bolsonaro ficou, sim, de braços cruzados em relação à implementação da reforma do ensino médio nos estados, mas alguém acha que Abraham Weintraub ou Milton Ribeiro teriam feito alguma diferença positiva com relação ao sucesso da reforma?”, questiona.

A pergunta feito por Fernando Cássio é respondida com clareza: “embora os ciosos especialistas que defendem reformar a reforma tentem mudar de assunto, a coordenação nacional da implementação do NEM corria a todo vapor no Conselho Nacional de Secretários de Educação (o Consed), clube de secretários estaduais da estaduais da educação historicamente patrocinado pelos institutos e fundações empresariais que empregam os mesmos ciosos especialistas”.

Jorge Paulo Lemann | Sérgio Lima/Folhapress

O engodo

De todo modo, não é muito difícil explicar por que a pauta da revogação ganhou maior vigor neste momento:

1) Os governos Temer e Bolsonaro, juntamente com Consed e seus parceiros bilionários, passaram anos desinformando a população com a propaganda enganosa de uma revolução modernizadora no ensino médio brasileiro;

2) a implementação da reforma só começou pra valer em 2022, quando mostrou na prática que o “Novo” Ensino Médio é muito pior do que o anterior;

3) há uma expectativa real de mudança na orientação das políticas por conta da eleição de um governo com perfil progressista e que prometeu reverter os retrocessos dos anos anteriores. O que os negacionistas de ocasião esperam? Passividade? Mas não o próprio presidente da república que disse que um governo não precisa de tapinhas nas costas e de puxa-sacos?

O coro da grande mídia tem sido no sentido de bloquear qualquer possibilidade de mudança do atual modelo que já é consenso não funciona e jogará mais ainda o Brasil no atraso na competição entre as nações que se desenvolveram tendo a educação como força motriz.

O último lance – para o professor Fernando Cássio – dos fiadores bilionários da reforma é um editorial do Estadão, bastilha do conservadorismo paulista, que defende a manutenção da reforma do ensino médio e classifica como “ataque” a demanda popular por uma escola pública que garanta acesso ao conhecimento e uma formação sólida para as juventudes.

O artigo tem endereço certo: o gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto. “É o sinal de que os fiadores bilionários da reforma do ensino médio, que possuem livre acesso aos gabinetes do MEC, estão cansados do bate-cabeça e farão de tudo para pressionar Lula a aceitar ‘ajustes’ numa reforma educacional antipovo criada para destruir os sonhos dos jovens pobres do país”.

O ministro da Educação é prisioneiro dos bilionários

O ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), alinhadíssimo à pauta ideológica das fundações empresariais, segundo Fernando Cássio, é um dos que chamam a revogação da reforma do ensino médio de volta ao passado. Segundo o tal raciocínio, as mais de 640 associações cientificas, grupos de pesquisas entidades estudantis, sindicatos e movimentos sociais que apoiam formalmente a revogação do NEM seriam reacionárias? Progressista seria quem? A Fundação Lemann? Conclui Fernando Cassio.

A educação é a principal área definida pelo presidente Lula no seu programa de governo, venceu as eleições com o discurso de que a educação pública seria de interesse público. Enfrentar os lobbys, os contrabandos ideológicos e os interesses econômicos que se enraízam no MEC é algo essencial para o governo não ser corroído, como vem sendo nos últimos anos.

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