segunda-feira 25 de novembro de 2024

Audiência pública discute estratégias de valorização da cultura em Maceió

Proposta pela vereadora Teca Nelma (PSD) encontro reuniu artistas, produtores culturais e técnicos
Foto: Assessoria

A cultura entrou na pauta da Câmara Municipal de Maceió durante discussão sobre as “Estratégias de Incentivo e Valorização dos Artistas Locais”. O tema foi debatido em audiência pública, na manhã desta segunda-feira (17), convocada pela vereadora Teca Nelma (PSD). No plenário artistas das mais variadas expressões culturais que atuam na cena local.

Segundo a vereadora a audiência teve como proposta ser um motivador de mudanças para a cultura alagoana por ter um papel fundamental para a população. Teca lamentou que sempre na discussão sobre o orçamento seja coloada a redução de repasses para a cultura.

“Ela coloca comida no prato e fomenta a reflexão e mobiliza profissionais que precisam de compromentimento com os artistas de nossa terra. Eles entregam o melhor e, às vezes, não recebem nada por isso. De acordo com o Fórum Alagoano existe uma dificuldade em ter acesso aos editais, cachês e incentivos. Precisamos colaborar com a efetivação do Conselho de Políticas Culturais para que represente a voz do povo. E a sociedade comprometida com a democracia investe na potência dessa voz”, disse Teca.

A cantora e produtora cultural Mel Nascimento falou em nome do Fórum Afro da necessidade da descentralização dos recursos para o investimento em projetos que ocorrerm fora da área nobre da cidade. Para a artista é fundamental que os profissionais da cultura possam estar mobilizados e ocupando espaços de representação para que não sejam manipulados.

“Enquanto comunidade cultural, que já estava na luta da Lei Audir Blanc, precisamos recuperar nossos lugares. Respirem e vamos nessa. E as pessoas que por inúmeros motivos que não conseguiram chegar precisamos discutir se não vamos virar massa de manobra. E nós como comunidade cultural viva não merecemos mais isso. Outra questão é a descentralização de recursos. Sou do Eustáquio Gomes e a duras penas fazemos alguns projetos para a parte alta da cidade. Sabemos que muitos produtores são da perifeira e da parte alta. Quando se faz um circuito do Abril Pra Cultura é importante e está lindo, mas não contempla todo mundo”, disse Mel.

Produção

Segundo Jeferson Diniz coordenador do Fórum de Literatura os escritores em atividade e os que querem escrever profissionalmente têm encontrado muitas dificuldades em expor sua produção por falta de apoio. Seja para a produção e a iniciação de novos escritores, há uma necessidade de fomento da política de cultura da capital.

“Dentro do Fórum nós fizemos um levantamento que foi o início de um mapa da literatura do Estado. Descombrimos que faltam políticas públicas para formação escrita. Encontramos nas escolas amantes da literatura e poetas mas que não sabem por onde começar. E avaliando o último chamamento da Fundação Municipal de Ação Cultural para a produção de antologias, tivemos dificuldade até de achar o número previsto no edital. Então é necessário que haja políticas públicas continuadas que garantam a formação dos nossos artistas”, destacou Jeferson.

Segundo Vítor Feitosa músico e produtor de hip-hop há um movimento integrado entre os envolvidos com a cultura na periferia que têm força e se organizam de forma independente para articulação de “batalhas de rap”. Ele explicou que ocorrem por ação das pessoas.

“É triste pensar que o poder público não acompanha essa demanda social. É necessário um mapa cultural que categorize os artistas para auxiliar como o poder público possa operar. Falta um método para trabalhar com esses artistas”, defendeu Vítor.

Riqueza

O vereador Leonardo Dias lembrou que Alagoas é o Estado do Brasil que tem a maior representação cultural, mas que sofre com a falta de continuidade destas manifestações. Ele lembrou que foi autor do projeto que prevê a melhora dos cachês para os artistas locais.

“Sempre me incomodei com o fato de pagarmos R$ 800 mil a artistas de fora do Estado e isso não ser revertido para os artistas locais para que eles cresçam e se tornem tão conhecidos como estes que vem de fora. Pela nossa lei 50% do que for investido nos artistas nacionais tem que ser investido nos artistas locais. Sempre pergunto a FMAC como está o cumprimento da lei. Então é importante que os artistas cobrem porque a lei está em vigor”, destacou Léo.

De acordo com o artista visual Levy Paz o momento é delicado com o fechamento de espaços importantes como a Galeria Sesc do Centro e a Pinacoteca da Ufal. Ele revelou ainda que se tornou produtor cultural para poder viabilizar sua produação porque não contava com muito apoio para isso.

“As artes visuais sofre com a falta de política por quem deveria fomentá-la. As artes visuais precisam ser melhor vista até por conta dos vários equipamentos que valorizam os artistas a se promoverem que estão fechados. Pelo município precisamos de política porque há 50 anos de atrazo para que não fiquemos com o pires nas mãos. Precisamos de projetos para fazer a cultura a alagoana crescer”, cobrou o artista.

Articulação

O representante da FMAC Cadu Ávila afirmou que política pública de cultura é algo considerado novo. Ele lembrou que “as dores” dos artistas também foram vivenciadas por ele por ser artsita e ter sentido essas dificuldades estruturais que ainda permeiam o universo da cultura.

“Já fui artista contratado e hoje colaboro como técnico. O Conselho Municipal de Cultura realizou as oitivas da Lei Paulo Gustavo. Fomos a instância que viabilizou a lei do patrimônio vivo e a trouxe para a Câmara Municipal de Vereadores. Foi o conselho que trouxe a lei de patrocínio que vai viabilizar muitas produções. Sabemos das dificuldades mas estamos correndo atrás de políticas públicas estruturantes para que o segmento tenha a sua legislação. A lei de incentivo está com uma minuta pronta para a regulamentação e está em análise na Procuradoria Geral do Município”, explicou Cadu.

Ele lembrou que a FMAC criou uma agenda cultural para a cidade e um dos exemplos é que, agora, o carnaval está no calendário da cidade. Além das prévias ocorreram pré-prévias, o carnaval e as ressacas de carnaval. Ainda assim faltaram bandas de frevo para atender as necessidades da cidade. Sobre os valores dos cachês ele revelou que o tema tem sido discutido internamente para que sejam feitas todas as correções necessárias.

“A política pública existe mas ou as bandas não estão cadastradas ou não existem na quantidade. O impacto é positivo pois a cada R$ 1 real investido a roda da economia girou e R$ 1,75 veio de retorno. Conseguimos isso na cultura. O abril da cultura tinha turista vendo. Temos que investir em cultura e entendo que nunca será um gasto. Tudo que é investido retorna e chega em diversas áreas”, completou Cadu.

Fonte: Assessoria

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