24 de maio de 2023 8:41 por Geraldo de Majella
A pandemia de Covid-19 revelou uma das faces mais cruéis de Maceió, que é marcada pela desigualdade social, desemprego e subemprego. Esses índices negativos haviam sido reduzidos durante os governos Lula 1 e 2 e Dilma Rousseff. O processo de extinção das políticas públicas iniciada com Michel Temer e radicalizada com Bolsonaro alargou o fosso entre os que comem e os que não comem.
Milhares de crianças pobres, durante a pandemia, nem estudaram e nem se alimentaram com a merenda escolar. Obviamente que também, não apreenderam o suficiente estudando no sistema remoto.
O fosso socioeconômico ganhou largura e profundidade na capital e mais importante cidade de Alagoas sob todos os aspectos.
A realidade que se apresentou com a pandemia piora com a chegada do inverno. As chuvas torrenciais não podem, simplesmente, serem debitadas na conta de São Pedro ou serem associadas a uma fatalidade da vida.
O colapso da infraestrutura de Maceió é uma obra política ardilosamente pensada pelo poder público. Os bairros onde moram a classe média e os ricos apresentam poucos problemas na sua infraestrutura. Os alagamentos são pontuais e acontecem como em qualquer cidade.
A maioria da população mora em bairros com infraestrutura urbana estrangulada ou sem infraestrutura. Os bairros que margeiam a lagoa Mundaú, sem exceção, sofrem com enchentes.
A falta de planejamento para essa parte da cidade é uma política estatal. Mas, quando se trata de invadir espaços públicos, como no Litoral Norte de Maceió, todas as artimanhas legais foram e são usadas para beneficiar setores econômicos e compradores dos edifícios erguidos na faixa litorânea com o discurso infame de que esse avanço representa o progresso ou desenvolvimento da cidade.
Os muros do apartheid social e econômico estão cada vez mais sendo levantados.
A campanha eleitoral começou e haverá dois invernos, o que se inicia (2023) e o de 2024. As eleições serão no dia 3 de outubro de 2024. Até lá, quem sobreviver terá a chance de, quem sabe, mudar o curso cruel das águas.