quinta-feira 16 de janeiro de 2025

‘O mundo está se cansando da intromissão de Washington’, diz professor de Direito nos EUA

Para especialista da Escola de Direito da Universidade de Pittsburgh, elites dos EUA começam a admitir que o mundo está se rebelando contra o país
Chefes de governo dos aliados ocidentais: EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão na Cúpula do G7 | Reprodução/Twitter Joe Biden

Por Redação RBA

Em artigo publicado no site russo RT na sexta-feira (26), o advogado e especialista em Direitos Humanos Daniel Kovalik, professor na Escola de Direito da Universidade de Pittsburgh (EUA), defende que “as elites norte-americanas estão começando a admitir que o mundo está se rebelando contra os Estados Unidos, e Washington não tem ninguém para culpar além de si mesmo”.

No artigo, Kovalik cita a ex-funcionária da Casa Branca Fiona Hill, que em discurso recente em Tallinn (capital da Estônia) “mostrou que já há em Washington quem tenha autoconsciência suficiente para ver o que está acontecendo no mundo”.

No discurso citado, a especialista em relações exteriores, que trabalhou no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, reconheceu que o conflito na Ucrânia provocou uma “rebelião global”, liderada pela Rússia, contra a hegemonia americana. “Isso é bem verdade, como muitos de nós pudemos ver desde o início da ofensiva militar de Moscou, no ano passado”, diz Kovalik.

No artigo, o professor argumenta que, em passado recente, incapazes de se contrapor ao poder militar superior dos Estados Unidos, a Rússia e o resto do mundo, de certa forma, se resignaram a participar de um mundo unipolar comandado por Washington, após o colapso do Bloco Oriental em 1989 e a queda da União Soviética em 1991.

No período, os métodos estadunidenses se concentraram “em invadir e atacar outros países”: Panamá (1989), Iraque (1990), Sérvia (1999), Afeganistão (2001), Iraque novamente (2003) e Líbia (2011). “Isso sem contar as invasões menores e muitas guerras por procuração e terror travadas pelos EUA durante esse período, como na Síria, a partir de 2011, e na Ucrânia com o golpe que ajudou a instigar em 2014”, na opinião de Kovalik.

Guerras desnecessárias e injustas

Para o acadêmico de Pittsburgh, nenhuma dessas “guerras de escolha  era necessária ou justa”, e foram deflagradas para proteger o que os EUA “viam como seus interesses econômicos e geopolíticos, enquanto disfarçavam suas ações de ‘humanitárias’”. As justificativas americanas eram quase sempre proteger a democracia e a população do país-alvo de um regime supostamente “opressor”.

Agora, os EUA tentam afirmar que o mundo inteiro está com eles contra a Rússia na Ucrânia. Mas isso “simplesmente não é verdade, e as autoridades americanas sabem disso”, opina. “’O mundo’ apoia os EUA apenas se excluirmos a América Latina, a Ásia e a África.” Essas regiões – que concentram a maior parte da população mundial – “não apoiaram e não apoiam os americanos”.

Na recente reunião da cúpula do G7, na semana passada, pode-se ver que essa observação de Kovalik faz sentido. Uma foto emblemática mostra os chefes de governo dos aliados Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, todos em torno de uma mesa. A legenda da foto, no Twitter do presidente Joe Biden, a legenda: “o G7 está mais unido do que nunca”.

“Até mesmo a Arábia Saudita”

Para Daniel Kovalik, muitos países nessas regiões “estão cansados de ver os EUA intervindo em seus quintais à vontade na forma de guerras agressivas, golpes de estado e apoio de insurgentes armados, e gostam de ver que alguém – a Rússia – está lutando contra.

Ele acrescenta que até mesmo a Arábia Saudita, aliada de longa data e conspiradora contumaz junto aos EUA “em suas maquinações imperiais”, tem acenado para outros tempos, reatando com o Irã e também “demonstrando que o mundo está se cansando da intromissão de Washington”.

Leia a íntegra do artifo em inglês: As elites norte-americanas estão começando a admitir que o mundo está se rebelando contra os EUA.

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