12 de abril de 2020 4:09 por Marcos Berillo
O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, ex-diretor executivo do FMI e ex-vice-presidente do Banco dos Brics, acredita que os Estados Unidos e alguns países europeus podem sair “muito machucados da crise” provocada pela pandemia de Covid-19. “Aumentaram as chances de que o século 21 venha a ser o século da China”.
Por isso, em entrevista a O Estado de Minas, ele classifica como “alucinados” os ataques de autoridades brasileiras como o presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ministro da Educação, Abrahan Weintraub, à potência oriental.
Segundo ele, o que está por vir, após a pandemia, é uma crise econômica de grande magnitude, nunca vivenciada pela maior parte dos brasileiros em idade adulta.
“Para evitar que se transforme em depressão econômica, serão exigidas do governo federal políticas coerentes e concatenadas. Agrava este cenário o comportamento de permanente confronto do presidente da República Jair Bolsonaro, dos seus filhos e de alguns de seus ministros da chamada ‘ala ideológica’, que quando não se digladiam com ministros do próprio governo, criam e alimentam novas crises, a mais recente contra a China, maior parceira comercial do Brasil”.
O economista prevê outras graves consequências que devem ocorrer caso a atual política externa e as agressões sejam mantidas.
“Não faz sentido buscar embates com nenhum país neste momento. Mais do que nunca os países precisam cooperar. E é ridículo comprar brigas gratuitas com nosso maior parceiro comercial. A China é um país que hoje pode nos ajudar com insumos e equipamentos para combater a pandemia. Chega às raias da loucura ver que ministro da Educação deboche da China e um filho do presidente insista em fazer comentários depreciativos sobre aquele país. É realmente, digamos assim, um comportamento alucinado”, destacou.