Funcionando 24 horas por dia, todos os dias da semana, com várias equipes multiprofissionais em ação, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) recebe, diariamente, dezenas de ligações pelo 192. Além de contar com atendimento por terra, com as ambulâncias e motolâncias, o órgão também presta socorro por meio do Serviço Aeromédico, onde um helicóptero agiliza a assistência em todo o território alagoano. Mas, afinal, quando se deve acioná-lo? O coordenador da Central Maceió, médico Jhonat Silva, esclarece.
A prioridade, segundo o gestor do Samu, é prestar assistência para as vítimas que necessitam de atendimento de emergência, com risco iminente de morte, a exemplo de infarto agudo do miocárdio. Entretanto, o serviço também atende às urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica, psiquiátrica, entre outras.
O Samu deve ser acionado, ainda, na ocorrência de acidente de automóvel, moto ou bicicleta; em casos de espancamento; tentativa de suicídio; problemas cardiorrespiratórios; em casos de trauma, intoxicação ou queimaduras; na ocorrência de quadros infecciosos. O serviço também atende gestantes em trabalho de parto; pessoas que estejam sofrendo crises hipertensivas; casos de hipoglicemia, que corresponde à baixa taxa de glicose no sangue; vítimas de acidentes com produtos químicos perigosos e, ainda, casos de transferência de pacientes graves de uma unidade hospitalar para outra, mediante a autorização do médico regulador de plantão.
“Todo o atendimento realizado pelo Samu passa por um protocolo determinado pelo Ministério da Saúde, e só é concretizado após a ligação para o número 192, em que são registrados todos os aspectos na ocorrência. No caso de um acidente de trânsito, por exemplo, é analisado se o veículo causador foi um carro ou uma moto, uma vez que estas informações subsidiam as tomadas de decisões dos médicos que atendem ao chamado”, explicou Jhonat Silva.
Como ligar para o Samu?
Jhonat Silva explica que, ao ligar para o telefone 192 do Samu, é necessário que a pessoa se identifique, dizendo de onde está telefonando, indicando, preferencialmente, pontos de referência para que a equipe possa chegar ao local mais rápido. O solicitante deve esperar no local da ocorrência, até a chegada da equipe.
“É importante dizer qual o motivo da solicitação do atendimento de forma sucinta e clara; responder com exatidão as perguntas feitas pelos TARMs [Técnicos Auxiliares de Regulação Médico] e médico regulador; fornecer endereço correto onde está a vítima; informar, em caso de acidente de trânsito, o número de vítimas e se há alguém preso em ferragens; e evitar movimentar as vítimas, uma vez que esta ação poderá agravar lesões especialmente de coluna cervical”, orientou o coordenador do Samu Maceió.
Ainda de acordo com Jhonat Silva, o solicitante deve seguir atentamente as orientações passadas pelo médico regulador de plantão, enquanto aguarda a chegada de uma equipe com ambulância ou motolância. É importante não desligar o telefone e procurar manter-se calmo durante o contato com o médico.
Conforme o coordenador do Samu de Maceió, os telefonemas são atendidos pelos TARMs, que identificam e registram os dados da pessoa que está solicitando o atendimento e a situação da ocorrência. Em seguida, eles transferem o telefonema para o médico regulador de plantão, que vai escolher que equipe e viatura são mais adequadas para realizar o atendimento solicitado, se uma Unidade de Suporte Avançado (USA – UTI Móvel), uma Unidade de Suporte Básico (USB), uma equipe do Serviço de Motolância ou o Serviço Aeromédico.
Recusa de Transporte
Em muitos atendimentos realizados, as vítimas se recusam a ser transportadas para uma unidade hospitalar, com algum tipo de receio. Neste caso, de acordo com o coordenador do Núcleo de Educação Permanente (Nep) do Samu Maceió, médico Jordiran Soares, a equipe sugere que a vítima ou um responsável assine uma ficha de recusa do transporte, mas, caso não queira assinar, o fato fica registrado na ficha de atendimento.
Ele alerta que essa recusa pode levar a vítima a apresentar algum tipo de complicação clínica, após algumas horas, depois do acidente. Explicou que no hospital a vítima será submetida a exames que podem detectar alguma complicação clínica futura, que poderá ser evitada com exames e diagnósticos. Depois de feito o atendimento, a equipe do Samu volta para a base, onde a ambulância é higienizada.
Trote é Crime
Cerca de 65% das ligações recebidas pelo Samu Alagoas são trotes e 7% são de ligações indevidas, aquelas em que uma pessoa telefona para o 192, solicitando, por exemplo, o número de telefone de um hospital, ou de um médico. Todas as ligações atendidas pelos TARMs são identificadas através de sistema que registra o número do telefone do solicitante.
“Quando alguém passa trote está colocando em risco a vida de muita gente, inclusive da própria família, porque um parente pode está precisando, naquele momento, de uma equipe de profissionais, mas que foi deslocada para uma ocorrência inexistente. Quem faz trote para o Samu, impede o atendimento e está cometendo crime. A pena é de 1 a 3 anos de reclusão, além de multa, conforme o artigo 266 do Código Penal Brasileiro”, salientou Jhonat Silva.
Fonte: Agência Alagoas