22 de junho de 2023 6:16 por Da Redação
Por Marcos de Farias Costa é poeta, compositor, intérprete e comentarista de música popular.
A expressão latina lacus (tanque ou lago) reforça a fonte do étimo Alagoas, ocorrendo similares em espanhol e italiano (lago) e no francês (lac), tendo o latim a expressão primitiva lacuna. A palavra já aparece no ano de 938, num documento de Valencia, com a grafia lacona e em seguida em 1094 num texto de Sahagún, em português lagoa (mas com a grafia lagona, ou lagõa) tem documentação no século IX, porém a forma protética alagoa surge por volta do século XIV, com sua derivação caudatária de alagadiço, alagado, alagamento, alagar, etc. Com a morfologia gentílica de alagoano surge por volta do século XVI quando fundam-se os primeiros núcleos de povoamento, nas chamadas Alagoas do Norte e Alagoas do Sul. Os habitantes desta região que surgem sob a égide e o signo das águas, os alagoanos, também terão sua literatura e também sua luta em busca da independência política e ideológica, sob a crítica das armas e as armas da crítica.
Somente em meados do século XVI é que aparecem informações mais detalhadas sobre a colonização e povoamento de Alagoas, tendo o militar e donatário português Duarte Coelho (falecido em 1554) descrito uma viagem para conhecer o rio São Francisco, embora inexista prova documental desta incursão fluvial, mas apenas evidencia desta expedição em 1545, dez anos antes de Duarte Coelho tomar posse da capitania de Pernambuco, onde viveu com sua esposa Brites de Albuquerque. Sabemos também da truculência sanguinária com que Jerônimo de Albuquerque investiu contra os índios caeté, dizimando-os quase completamente, em represália ao assassinato do bispo Pedro Fernandes Sardinha, que naufragou seu navio na enseada onde atualmente fica o Pontal de Coruripe, em 1556. Como se vê a formação e a fundação do estado de Alagoas é marcado por truculências, degolas e indiocídios. O corolário civil desta escória é a situação em que vivemos hoje e estamos conversados.