sexta-feira 10 de janeiro de 2025

“Lampejo separatista”: políticos reagem a declaração de Zema sobre “protagonismo” do Sul-Sudeste contra Nordeste

Não é a primeira vez que governador de Minas Gerais ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos
Parte dos governadores do Consórcio Nordeste durante encontro entre as lideranças dos estados; João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba é atual presidente do grupo | Francisco França/Governo da Paraíba

Por Cristiane Sampaio, do Brasil de Fato

O Consórcio Nordeste e políticos do campo progressista reagiram neste final de semana após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defender que os estados das regiões Sul e Sudeste se unam para barrar o avanço dos interesses do Nordeste. O mandatário disse, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo no sábado (5), que o grupo busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões. Esta não é a primeira vez que o governador mineiro ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos.

Em nota oficial, o Consórcio Nordeste disse que Zema tem uma “leitura preocupante do Brasil”. “Ao defender o protagonismo do Sul e do Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, acrescenta o bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região.

O grupo diz ainda que o Consórcio Nordeste, bem como o da Amazônia Legal, busca ampliar a cooperação local, compartilhar “melhores práticas e soluções de problemas comuns” e favorecer o desenvolvimento sustentável, buscando não uma “guerra” com os outros estados do país, mas sim “compensar desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”.

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica subalterno, dividido e desigual”, acrescenta a nota, que ao final apela ainda para a “união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o país”.

Pelas redes sociais, parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado também se manifestaram. “A ignorância e o preconceito de Zema são atributos seus muito conhecidos, mas que não deixam de envergonhar toda vez que vêm a público. O alento é saber que Minas e os mineiros são muito maiores do que esse funesto sujeito, acidente político em um estado de história tão altiva”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), que se manifestou via Twitter.

O líder da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, Guilherme Boulos (SP), também reagiu. “Revoltante. Depois de elogiar Bolsonaro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, disse que o Nordeste é uma ‘vaquinha’ que ‘produz pouco’ e disse que as críticas à concentração de renda no país ‘têm de ter limite’. Preconceituoso e nojento”, disse o psolista.

Presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) também se manifestou em sua página no Twitter: “Só mesmo o bolsonarista Zema para propor união Sul-Sudeste contra os Nordeste. Preconceituoso e atrasado. Eu sou do Sul e essa fala é inadmissível. Temos orgulho no Nordeste, do povo nordestino. Queremos a união do povo brasileiro por um país justo, solidário, livre de discriminação”.

Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) chamou de “inaceitável” a declaração dada por Zema na entrevista em questão. “Inaceitável a fala abjeta e preconceituosa de Romeu Zema. O sujeito desrespeita o Nordeste sempre que pode. Ainda teve a pachorra de afirmar que as críticas à concentração de renda ‘têm de ter limite’. Logo ele, dono de um patrimônio declarado de R$ 130 milhões. Não passarão.”  Leia aqui.

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