sexta-feira 10 de janeiro de 2025

Bolsonarismo destrói imagem das Forças Armadas perante a sociedade

Somente com punição exemplar, independentemente da patente, democracia será fortalecida

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella

Evangélicos disseram à Polícia Federal que viajaram a Brasília para participar dos ataques a Brasília | Marcelo Camargo/Agência Brasil

Bolsonaro foi o político que a extrema-direita militar apostou para concorrer à Presidência da República em 2018, com alguma chance de vitória. O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, foi o principal formulador, no meio militar, da candidatura do ex-capitão.

Foi ele que, no dia 3 de abril de 2018, publicou em sua conta do Twitter um texto ameaçando o Supremo Tribunal Federal (STF), no momento em que a Corte julgava o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, então candidato a presidente da República e, não por acaso, líder nas pesquisas de voto.

O STF tremeu de medo e o ministro Edson Fachin curvou-se diante da ameaça do general. O habeas corpus foi negado. Lula, que estava preso, não pôde ser candidato a presidente da República e permaneceu ilegalmente encarcerado durante 580 dias.

As candidaturas presidenciais foram registradas. Fernando Haddad (PT) substituiu Lula e, durante a campanha, Bolsonaro sofre um atentado à faca, se recupera e cresce nas pesquisas, vencendo as eleições no segundo turno. O resto é do conhecimento geral da nação.

Algumas pistas do envolvimento dos militares foram surgindo com o tempo. Em 2019, na posse de Azevedo e Silva como Ministro da Defesa, Bolsonaro fez a seguinte revelação: “General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”. Essa frase emblemática e que “morrerá entre eles”, é lembrada pelo militar no livro “General Villas Bôas: Conversa com o Comandante”.

As Forças Armadas, o Exército, em particular, depois de 21 anos de ditadura militar, levou quase quatro décadas para recuperar a imagem perante a sociedade, de que é uma instituição do Estado brasileiro, sem qualquer vínculo político-partidário e ideológico.

Bolsonaro, representação simbólica da extrema-direita militar, civil e empresarial, atua sem qualquer impedimento na caserna e entre os militares da reserva. Como rastilho de pólvora, se torna quase hegemônico nas policias estaduais e demais forças policiais.

Essa trajetória de manipulação política e de outra natureza, como a cooptação de milhares de militares da ativa e da reserva para exercerem funções nos órgãos estatais, é um sinal de que a construção da hegemonia e do campo preparatório da ruptura institucional foi ardilosamente montada. É evidente que não foi Bolsonaro o artífice de toda a trama, mas, o ex-presidente exerceu a coordenação-geral do processo.

A questão militar

O STF, desde o início do governo (2019-2022), esteve sob a alça de mira da extrema-direita, o Legislativo foi sendo engordado com polpudas emendas secretas, duto por onde passou centenas de bilhões como meio de garantir a maioria parlamentar.

Era no STF onde residia a maior barreira que resistia à pressão e ao achincalhe da turba extremista liderada por Jair Bolsonaro. Por outro lado, integrantes das Forças Armadas eram trabalhados, e em grande medida, incorporados às fileiras de apoio e montagem do golpe de Estado que foi tentado em 8 de janeiro, quando milhares de apoiadores invadiram as sedes dos três poderes para depredá-las.

A CPMI que apura os atos golpistas e as investigações realizadas pela Polícia Federal vêm demonstrando o quanto de oficiais generais estiveram envolvidos na trama golpista. E a participação, já comprovada, da Policia Militar do DF, cujo comando se encontra preso por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

O desenrolar do processo levará ao banco dos réus militares de várias patentes das Forças Armadas, generais, coronéis, tenentes-coronéis, assim como militares da PM, policiais federais e rodoviários federais, da ativa e reformados e aposentados.

Democracia

A sociedade brasileira já demonstrou, em pesquisas de opinião pública, que deseja a democracia ao invés de um regime autoritário, posicionando-se contrária à tentativa de golpe de Estado. É preciso ficar claro que as Forças Armadas não são facções de milícias que obedecem a comando de governantes.

A função das Forças Armadas está inscrita na Constituição Federal e não há outra maneira de reinterpretar a sua função fora do que diz a carta constitucional. Os militares não são agentes políticos e muito menos soldados que vão atentar contra a ordem democrática.

É imprescindível a apuração com farta prova da participação dos militares e civis na tentativa malograda de golpe de Estado para serem punidos, exemplarmente, de acordo com a lei.

Os políticos, militares, empresários, religiosos, empresas concessionárias de comunicação envolvidos terão de serem punidos de acordo com o tipo de crime praticado.

A ordem na caserna e nas policias será restabelecida quando as punições forem exemplares a partir dos comandantes ou dos postos hierárquicos mais altos.

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Praça dos Três Poderes recebe ato em defesa da democracia em 8 de janeiro

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella Por Lucas Toth, do

Jornalista recebe apoio após ataque em rede sociais

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella Em nota oficial, o

Paulão cita 082 Notícias e volta a denunciar crime da Braskem em Maceió

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella O deputado federal Paulão

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella Uma perícia realizada pelo

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella A Secretaria de Estado

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella Veículos cadastrados em aplicativos

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella Por Iram Alfaia, do

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

21 de agosto de 2023 6:21 por Geraldo de Majella A mineração predatória que

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *