26 de agosto de 2023 2:58 por Geraldo de Majella
O Partido dos Trabalhadores (PT), fundado em 1980, não conseguiu ser um partido de massas em Alagoas. Ele é o maior núcleo organizado de esquerda, tem inserção nos movimentos sociais, porém, continua sendo uma organização partidária urbana concentrada em Maceió.
O partido possui quadros políticos com sofisticada capacidade de análise acadêmica, no entanto, esse capital não se traduz em potencial organizativo e nem em políticos com desempenho eleitoral. Há um descompasso entre inserção nos movimentos sociais e vitórias eleitorais.
A dispersão de energia nas disputas internas, talvez, possa ser o principal entrave do PT de Alagoas. Em quarenta anos, o PT elegeu apenas seis vereadores em Maceió: Paulão, Judson Cabral, Aliomar Lins, Thomaz Beltrão, Diogo Gaia e Valmir Gomes.
A bancada de deputados estaduais teve os seguintes nomes: Paulão, Judson Cabral, Paulo Nunes, Heloisa Helena, Marquinhos Madeira e Ronaldo Medeiros. Paulão tem sido eleito deputado federal nas quatro últimas eleições. Heloisa Helena foi eleita vice-prefeita de Maceió e senadora da República. Alguns poucos vereadores e prefeitos foram eleitos no interior.
O processo eleitoral de 2024 já teve início e o que se pode constatar é uma indisposição do partido em querer lançar candidatos proporcionais e majoritários, seja por questões internas, ou mesmo, por falta de entendimento com os partidos que constituem a Federação Partidária (PT, PV e PCdoB) – casamento político firmado até 2026.
Os compromissos e amarras com os aliados são a âncora que impede o PT de apresentar uma candidatura a prefeito em Maceió? É uma hipótese. A outra é ter, como se fosse possível, uma pequena “reserva de mercado” para eleger dois parlamentares?
O fato é que o PT, ao alcançar a maturidade, perdeu o ímpeto próprio da juventude, não trata de questões civilizatórias como a defesa dos direitos humanos, a luta por moradia popular e a erradicação do analfabetismo, para não falar da questão central para a humanidade, que a defesa do meio ambiente. Quando esses temas são abordados é en passant.
A distância entre as lutas sociais defendidas décadas atrás e o que se faz hoje é caricatural, ou sendo benevolente, é de forma burocrática. Alguns filiados, quando são indicados para órgãos do Estado, vestem a camisa do agente estatal tradicional, como os de origem burguesa, expressão entendida, com a devida vênia, como uma licença poética.
A esquerda em Maceió é raquítica e também não quer saber de eleições ou não consegue entender que o poder na democracia é alcançado através do voto. E voto não cai do céu.
Se o PT, no conjunto, pensa que vai crescer em Maceió sem disputar eleições pode arquivar essa ideia. Ou de maneira improvisada alcançará alguma vitórias.
Aviso aos navegantes: eleição custa caro e se ganha com trabalho constante.