O campo democrático é formado pelos partidos de esquerda e de centro-esquerda que, em Alagoas, poucas vezes estiveram unidos pensando em formar uma frente partidária forte. Pontualmente, as forças progressistas se coligaram para disputar eleições.
A unidade aconteceu durante a ditadura-militar. Superado esse momento tenebroso, por conta da eleição para prefeito de Maceió, a primeira depois da ditadura, não foi possível manter a proposta de Frente Democrática.
O fato de nunca se ter tentado constituir uma ampla aliança programática que transpusesse o período eleitoral entre os partidos de esquerda e centro-esquerda, talvez, seja a razão de tantos erros e derrotas.
O perfil centralizador e ou personalista das lideranças, ou de algumas delas, de todos os partidos, sem exceção, é uma das hipóteses; outra hipótese é a baixa capacidade de reflexão dos quadros políticos e dirigentes que se submetem ao controle do poder e perderam a perspectiva de alianças programáticas no médio e longo prazo.
O pragmatismo, o fisiologismo e o improviso têm precedência diante de qualquer possibilidade de abertura da discussão sobre os problemas da cidade. Aliás, os partidos políticos perderam essa condição de pensar, elaborar políticas setoriais e gerais. Nesse quesito, tanto faz ser de esquerda como de direita.
As vitórias de Ronaldo Lessa (PSB) e Kátia Born (PSB) poderiam ter sido o embrião da sonhada Frente Democrática. A relevância de partidos de esquerda, hegemonizando um núcleo político e administrativo durante 12 anos em Maceió, e oito anos no governo estadual, simultaneamente, nunca havia acontecido na história de Alagoas.
O núcleo político de esquerda e centro-esquerda era relevante eleitoralmente e disputou várias eleições, tendo a frente: Heloisa Helena (PT), Alberto Sextafeira (PSB), José Wanderley (PMDB) e Régis Cavalcante (PPS), Paulão (PT) e Judson Cabral (PT).
As avaliações políticas equivocadas, as intrigas, o personalismo acrescido de interesses menores e subalternos causaram derrotas históricas legando a Maceió, pelo menos no momento, o status de uma “cidadela” onde a extrema-direita é majoritária eleitoralmente.
A formação de uma frente com perfil de centro-esquerda, ainda, é possível de ser montada. Nomes existem, o que falta é decisão para superar os desafios. O MDB pode liderar a formação, “para amanhã não se queixar” de ter contribuído, jogando a toalha, antes do início do jogo, com a consolidação do bloco do prefeito JHC, na capital, e o credenciando para disputar com chance o governo de Alagoas em 2026.