quinta-feira 24 de outubro de 2024

11 de setembro “brasileiro”: o incrível caso do sequestro do voo Vasp, que quase atingiu em cheio o Palácio do Planalto

13 anos antes do atentado às Torres Gêmeas nos EUA, um Boeing 737 com mais de 100 pessoas a bordo foi sequestrado por um homem que queria matar José Sarney; tragédia só não se concretizou pela coragem do piloto em realizar uma manobra surpreendente
Cena do filme “O Sequestro do Voo 375”, que retrata a história real de um caso parecido com o atentado às Torres Gêmeas, só que no Brasil | Divulgação

Por Ivan Longo, da Revista Fórum

Em 11 de setembro de 2001, o mundo ficou chocado com o atentado contra as Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, nos EUA, quando terroristas sequestraram dois aviões e os atiraram contra aqueles que eram os prédios mais altos do mundo à época de suas construções.

O que muita gente não sabe é que o Brasil, 13 anos antes, quase registrou um ataque parecido com o de 11 de setembro nos EUA. O caso é tema de um filme que chega aos cinemas em todo o país em 7 de dezembro.

Em setembro de 1988, o voo 375 da antiga Viação Aérea de São Paulo (Vasp) com mais de 100 pessoas a bordo que havia partido de Confins, em Belo Horizonte (MG), rumo ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro (MG), foi sequestrado por um homem que, insatisfeito com a situação política do país, queria matar o então presidente José Sarney.

O plano de Raimundo Nonato Alves da Conceição, o sequestrador, era fazer o piloto alterar sua rota e atirar a aeronave contra o Palácio do Planalto, em Brasília, matando não só Sarney, como todos que estavam a bordo do Boeing 737 e qualquer pessoa que estivesse na sede da presidência da República do momento do ataque.

Elenco do filme “O Sequestro do Voo 375”, que estreia nos cinemas em 7 de dezembro | Divulgação

Conceição, quando anunciou o sequestro aos passageiros e tripulação, em pleno voo, portava um revólver calibre 32. Ele matou o copiloto Salvador Evangelista, que tentou se comunicar com o controle de tráfego aéreo. Apesar da situação crítica, o que ocorreu a seguir tem conotação heroica e beira o inacreditável.

O comandante Fernando Murilo de Lima e Silva foi, ao longo do voo, ludibriando Conceição e, disfarçadamente, contatando o tráfego aéreo. A essa altura, um caça da Força Aérea Brasileira (FAB) já perseguia o Boeing 737 da Vasp e o piloto conseguiu convencer o sequestrador de que não havia visibilidade suficiente para realizar o ataque em Brasília – na verdade, se tratava de uma estratégia do piloto, que “perseguiu” as nuvens para que Conceição não pudesse ver a capital federal.

Conceição, então, mandou o piloto seguir para São Paulo (SP). Ao perceber que seu combustível estava acabando e com o objetivo de preservar as mais de 100 vidas que estavam a bordo, o comandante Fernando Murilo, de forma fria e corajosa, executou a surpreendente manobra “tonneau”, que consiste em fazer a aeronave girar por completo através de seu eixo longitudinal – ou seja, virou o avião de cabeça para baixo, procedimento normalmente realizado em aeronaves militares e que o comandante sequer sabia se seu Boeing teria sustentação para tal. Seu objetivo era desestabilizar o sequestrador e, assim, conseguir acionar as autoridades e pousar.

Sem sucesso em sua primeira tentativa e vendo seu combustível se esgotar, Fernando Murilo resolveu executar uma outra manobra: um “parafuso”. Isto é, decidiu fazer o avião entrar em estol (perda de sustentação) e mergulhá-lo numa queda de 9 mil metros, em rodopio. Após três giros em queda, o comandante nivelou o avião e, com o sequestrador já caído no chão, conseguiu o que era praticamente impossível: pousou em segurança na pista do Aeroporto de Goiânia, salvando todas as vidas a bordo, exceto a do copiloto que já havia sido baleado.

O comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, que salvou o voo Vasp 375 de sequestro | Arquivo Pessoal/Reprodução

Já em solo, o sequestrador foi morto com três tiros na cabeça disparado por atiradores de elite da Polícia Federal (PF), vindo a falecer alguns dias depois.

O comandante Fernando Murilo é considerado um herói nacional e, à época de sua façanha, foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico. Em 2001, ele recebeu recebeu o troféu Destaque Aeronauta do Sindicato Nacional dos Aeronautas. O piloto faleceu em 26 de agosto de 2020, aos 76 anos, por insuficiência respiratória.

Incrível caso do voo 375 vai virar filme

A história real do sequestro do voo 375 da Vasp, pouco conhecida principalmente entre os mais jovens no Brasil, será tema de um filme que estreia no dia 7 de dezembro nos cinemas de todo o país.

Com produção do Estúdio Escarlate e coprodução da Star Original, o longa-metragem “O Sequestro do Voo 375”, dirigido por Marcus Baldini, vai recriar os fatos da época e contará com estrutura robusta para trazer à tela o Boeing 737 sequestrado, bem como o pânico entre tripulação e passageiros, a história do sequestrador e o heroísmo do piloto.

Assista abaixo ao trailer da super-produção:

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