A entrada do senador Renan Calheiros (MDB) na briga pelas eleições municipais de 2024 pode marcar o início do ponto de equilíbrio na disputa em Maceió que, até então, é liderada com folga pelo prefeito JHC (PL).
Mestre no uso das redes sociais, o candidato à reeleição é favorito nas intenções de voto, também favorecido pelo acordo com a Braskem, que engordou em R$ 1,7 bilhão os cofres do município, uma quantia razoável para quem está com a máquina pública nas mãos.
Porém, Calheiros é um adversário que não deve ser desprezado. Isso serve para a Braskem e para JHC. A zona de conforto para o atual prefeito e a mineradora que destruiu cinco bairros da capital acabou. Os políticos experientes e pragmáticos sabem que não há vencedor antes da apuração das urnas.
Com o dinheiro da Braskem, a Prefeitura de Maceió comprou o Hospital do Coração de Alagoas por 266 milhões. Essa cartada de JHC pode ser o ponto de abertura para a oposição aprofundar o discurso de mal uso dos recursos públicos. Por outro lado, tem-se a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, comandada pelo senador Renan Calheiros, que pode ter desdobramentos imprevisíveis.
O voluntarismo do prefeito pode ser transformar numa fissura a lhe causa danos durante o processo eleitoral. Mas, para tanto, é necessário que a oposição se faça presente e convincente.
Hospital Albert Einstein
As contas do Município são públicas e vão ser analisadas e contestadas pela oposição. Se os ministérios públicos vão querer saber dos detalhes, o tempo é quem vai dizer.
O Hospital Albert Einstein, que vai dar consultoria na gestão do novo hospital, não é uma instituição filantrópica, é uma empresa que visa nos seus negócios obter lucros.
A contratação pode gerar dor de cabeça para JHC, caso seja explorada pela oposição. “Já assinamos o protocolo de intenções para que o Hospital Einstein, que é o melhor da América Latina, possa nos auxiliar e orientar nesse planejamento hospitalar, para que nós possamos identificar qual o perfil da unidade, todas as linhas de cuidados. Esse prédio aqui é de um hospital de alto padrão, mas que agora é uma unidade pública, para o povo”, disse o prefeito na semana passada.
Do ponto de vista do negócio, foi satisfatório para o Hospital do Coração de Alagoas e pode ser bom para o Hospital Albert Einstein.
A gestão da Saúde em Maceió não é referência positiva quanto ao atendimento da Assistência Básica e o fato de não ter experiência em gestão hospitalar era para ter sido analisado.
Se a estratégia definida é ter um hospital municipal como um troféu político, o fato foi consumado. O que virá depois fica para o futuro.