9 de novembro de 2023 6:14 por Geraldo de Majella
A polarização política no Brasil veio para ficar. Essa é uma dura realidade que os políticos e a sociedade terão de aceitar. O ódio que transbordou na última década e serviu de combustível para a extrema-direita brasileira não pode ser interpretado como um fenômeno exclusivo do bolsonarismo, mas, como o despertar de um fenômeno mundial.
Em todas as cidades do Brasil, existem núcleos com características e ações políticas extremistas, mas, felizmente, há segmentos que defendem e expressam o pensamento democrático, sejam de direita, ao centro ou à esquerda.
Alagoas tem tudo isso e mais duas lideranças locais com ação em nível nacional: Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, e Renan Calheiros, uma das lideranças do MDB no Congresso Nacional.
Os dois travam disputa pelo domínio político do Estado de Alagoas. A disputa tem sido abordada pela crônica política local como prejudicial aos interesses de Alagoas. É uma narrativa antiga, uma cantilena que parece não ter fim.
Arthur Lira e Renan Calheiros têm trajetórias políticas distintas e, por mais que o senso comum diga que são caciques, personalistas ou o que mais possa ser dito, há uma diferença essencial na ação política de ambos.
Renan Calheiros não tergiversa na defesa da democracia, é coerente, é pragmático. Quando a agenda política trata da defesa dos direitos dos trabalhadores tem votado favorável desde quando assumiu o primeiro mandato parlamentar.
Arthur Lira tem se notabilizado como o político de direita, autoritário e sem compromisso com a democracia e que não faz objeção em apoiar um presidente extremista como Bolsonaro, desde que seja para auferir ganhos políticos sem se importar com nada.
Vota sistematicamente contra os direitos dos trabalhadores por uma questão ideológica, assim como é dócil e generoso com barões do Mercado Financeiro.
A defesa dos interesses de Alagoas não pode se resumir a uma frase genérica, sem ação. A tal defesa deve ser explicitada com todas as letras: De que Alagoas estão falando? Quem dessa Alagoas será ou serão contemplados com o armistício, trégua, declaração de paz entre os contendores?
A Alagoas dos trabalhadores urbanos e rurais, as camadas médias que poderiam usufruir de melhores condições de ensino, saúde, crédito e postos de trabalho vem sendo colocada no freezer. Por enquanto, vence a sociedade formada por segmentos da elite, lobistas, políticos da situação ou empresários afinados com os grupos políticos estabelecidos.
A Alagoas da “trégua” não vai servir ao povo. Definitivamente, não. A disputa entre os dois blocos deve continuar para que a pobreza não cresça ainda mais sem que haja a possibilidade de construção da perspectiva do desenvolvimento com inclusão social e liberdade democrática.
As conquistas serão alcançadas com luta social, não virão com pacto para ampliar o domínio das atuais forças políticas. Ser contramajoritário na atual conjuntura é quase que ser revolucionário em Alagoas. Parafraseando o poeta Jorge de Lima: “Minhas Alagoas são outras”.
Que a disputa seja de longa duração.
2 Comentários
Os alagoanos em especial os de Maceió precisam urgente exterminar os grupos de direita ou estamos condenados a situações extremas na saúde, educação, emprego e renda e segurança pública.
Justiça social foi um termo/conceito muito utilizado nas décadas de setenta e oitenta. Caberia, novamente, nesta abordagem lúcida e atual das nossas Alagoas. Lutemos por isso! Certamente, não será por esses caminhos que se nos apresentam. Acrescente-se outro viés mais atual: a Justiça Climática, frente às avassaladoras consequências das mudanças climáticas.