Por Redação RBA
O Instituto de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP) fez, na tarde da sexta-feira (15), homenagem a dois estudantes do curso de Geologia assassinados pela ditadura em 1973. Em sessão solene, a instituição realizou a “diplomação honorífica” de Alexandre Vannuchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz.
Natural de Sorocaba (SP), na universidade Alexandre ganhou o apelido de “Minhoca”. Era franzino, gostava de mexer na terra e imitava um professor do curso que era chamado de “Minhocão” pelo alunos. Menos de dois meses antes de ser sequestrado e levado para o DOI-Codi, havia se submetido a uma cirurgia urgente para retirada do apêndice. Foi torturado durante dois dias, em março, e morreu. A versão oficial, publicada na mídia, foi de atropelamento.
“Eu só disse o meu nome”, afirmou depois, na cela, a outros presos. Esse será o título de livro do escritor e jornalista Camilo Vannuchi. O lançamento está previsto para março, no período de 60 anos do golpe.
Dono da vida
Um ato de desagravo lotou a Catedral da Sé, no centro de São Paulo. “Só Deus é dono da vida; dele a origem, e só ele pode decidir o seu fim”, afirmou o então cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Vindo do Rio de Janeiro, o cantor e compositor Sérgio Ricardo cantou Calabouço, feita em memória de outro estudante, o secundarista Edson Souto, morto em 1968.
Já o paulistano Ronaldo, aprovado no curso de Geologia, também militou no movimento estudantil durante a ditadura. Entre 1970 e 1971, foi presidente do DCE da USP, e passou a viver na clandestinidade. Morreu em abril de 1973. Versão oficial: confronto armado após resistir à ordem de prisão.