quinta-feira 16 de janeiro de 2025

Nuggets e requeijão: veja as marcas que são campeãs de veneno nos ultraprocessados

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor encontrou agrotóxicos em 58% dos alimentos derivados de carne e do leite
Reprodução

Por Júlia Motta, da Revista Fórum

Duas de três marcas de requeijão analisadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apresentaram resíduos de agrotóxicos. Já nas categorias de carnes analisadas, incluindo o nugget, todas apresentaram índices de agrotóxicos.

Intitulada “Tem veneno nesse pacote”, a pesquisa do Idec foi realizada em 2022 e publicada no Atlas dos Agrotóxicos em dezembro do ano passado. O relatório foi feito pela Fundação Heinrich Böll Brasil, e teve como objetivo analisar a presença das substâncias tóxicas em diversos alimentos, entre vegetais, laticínios, carnes e os ultraprocessados.

O resultado da pesquisa mostrou que em 58% dos alimentos derivados de carne e leite analisados foram encontrados agrotóxicos. Nesse meio, estão duas marcas famosas de requeijão e empanado de frango (nugget).

As marcas do requeijão são Vigor e Itambé, onde foram encontrados dois tipos de agrotóxicos. Já as marcas de nugget são Seara, que liderou o ranking de “campeões do veneno”, apresentando cinco tipos de agrotóxicos; e Perdigão, que apresentou dois.

O estudo também encontrou resíduos de agrotóxicos em outras duas categorias de carne, como o hambúrguer de carne bovina e a salsicha.

Os compostos tóxicos mais encontrados foram o glifosato e seu metabólito AMPA, presentes em 9 dos 24 produtos analisados.

O Idec pontuou que o Brasil é um dos países mais importantes para o mercado de agrotóxicos, ocupando o pódio dos maiores consumidores e importadores de agrotóxicos.

“O país permite limites de resíduos em água e alimentos muito superiores aos da UE. Isto possibilita o registro cada vez maior de novos agrotóxicos, com recordes sendo batidos a cada ano, além do crescimento da importância das commodities na economia brasileira, a partir da ampliação da área plantada e da produção de culturas mais dependentes desses produtos”, afirma o relatório.

Ultraprocessados e ultraenvenados. Foto: Idec

O aumento do consumo de agrotóxicos representa um perigo para a saúde da população, em especial para grupos sensíveis, como mulheres grávidas ou crianças, que estão particularmente em risco, alerta o relatório. Os resíduos tóxicos também prejudicam a vida selvagem, o solo e a água.

O Brasil é um exemplo de falta de regulamentação eficiente que impõe à população teores máximos de resíduos em alimentos. No mercado brasileiro são encontrados, em alguns casos, níveis de resíduos duas ou três vezes maiores do que os limites máximos da UE, e em outros, níveis centenas de vezes maiores.

O estudo ainda reforça que outro prejuízo é o crescimento de conflitos no campo envolvendo a contaminação de comunidades da agricultura familiar ou de povos tradicionais. Um relatório divulgado em outubro pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que, somente no primeiro semestre de 2023, mais 500 mil pessoas foram alvo de violência no campo em diferentes municípios brasileiros.

Guia Alimentar para a População Brasileira

O Ministério da Saúde disponibiliza um Guia Alimentar para a População Brasileira com princípios e recomendações para uma alimentação adequada e saudável. O guia reforça que a escolha de alimentos in natura, ou seja, alimentos nada ou minimamente processados, como frutas e legumes, são a melhor opção para uma alimentação saudável.

No entanto, a pasta pondera que os sistemas alimentares baseados na agricultura familiar e em técnicas tradicionais de cultivo e manejo do solo, que priorizam a produção sustentável e sem o uso de venenos vem perdendo força. No lugar, surgem sistemas alimentares que operam baseados em monoculturas, que têm como um de seus principais focos o fornecimento de matérias-primas para a produção dos ultraprocessados.

Além disso, esses sistemas dependem do uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos, sementes transgênicas e antibióticos que vão para os alimentos consumidos pela população. Essas substâncias estão diretamente ligadas ao surgimento de doenças como leucemia, Alzheimer outros tipos de câncer e problemas neurológicos.

Nota oficial da Lactalis do Brasil

A Lactalis do Brasil informa que sua produção atende, integralmente, às normas vigentes na legislação brasileira, entre elas àquelas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ANVISA. A empresa contesta o conteúdo veiculado no chamado Atlas dos Agrotóxicos, em recente publicação do IDEC nas redes sociais e em todas as repostagens subsequentes que citam estudo do IDEC de 2022, cujos resultados, na época, foram contestados e revisados. Revisitar o assunto sem nenhum fundamento técnico e sem ouvir as empresas citadas expressa falta de verdade com os fatos. 

A Lactalis do Brasil reforça que atua com máximo zelo na produção e controle dos diversos tipos de alimentos e, inclusive, mantém acompanhamento técnico constante junto a seus fornecedores. Com 90 anos de mercado, a Lactalis tem na sustentabilidade e na segurança alimentar alguns de seus pilares de desenvolvimento com foco em sua razão de agir global de “Nutrir o futuro”.

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