quinta-feira 28 de novembro de 2024

Alemanha investiga mais de 400 policiais por extremismo

Forças de segurança estaduais têm centenas de membros sob investigação, segundo reportagem publicada na mídia alemã. Comissário do Parlamento considera a situação preocupante.
Autoridades avaliam que ideologias extremistas nas fileiras da polícia representam um perigo para a democracia e o Estado de direito | Bjoern Trotzki/IMAGO

Por DW

Mais de 400 policiais estaduais alemães estão sendo investigados por atitudes extremistas de direita ou crenças em teorias conspiratórias, segundo uma reportagem publicada na mídia alemã na quinta-feira (04/04).

O número real de policiais sob investigação é maior, pois quatro dos 16 estados alemães – Berlim, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Bremen e Turíngia – não forneceram dados atualizados sobre essas investigações, segundo a revista alemã Stern.

Quão perigosa é a situação?

O comissário de polícia do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Uli Grötsch, afirmou que a presença de pessoas investigadas por extremismo nas forças de segurança alemãs representa uma grande ameaça.

Membros do movimento Reichsbürger (“Cidadãos do Império Alemão”, em tradução literal) que planejaram um golpe para derrubar o governo alemão inclusive teriam tentado recrutar policiais para suas ações.

“Estamos vivendo em uma época em que extremistas de direita estão deliberadamente tentando desestabilizar a força policial”, disse Grötsch.

O secretário do Interior do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Herbert Reul, disse à Stern que tais indivíduos não são bem-vindos na força policial.

“Policiais que não se baseiam na Constituição, mas defendem pontos de vista extremistas, são um grande perigo para a democracia e o Estado de direito”, afirmou Reul.

Quem são os Reichsbürger?

O movimento é formado por extremistas de direita que rejeitam a Constituição alemã do pós-guerra e tentam pintar a Alemanha atual como uma construção artificial imposta pelos aliados.

O plano dos Reichsbürger para derrubar o governo alemão veio à tona em dezembro de 2022, quando a polícia prendeu 25 de um total de 52 suspeitos de conspiração. Na ocasião, foram presos um aristocrata – apontado como o principal líder do grupo –, um ex-militar – acusado de ser o comandante militar do complô – e uma juíza e ex-deputada de ultradireita, entre outros.

O grupo teria planejado, entre outras ações, invadir o Bundestag, atacar o fornecimento de energia do país e depor o governo federal para que pudesse assumir o poder. Havia até mesmo planos para que certos indivíduos assumissem o controle de importantes cargos ministeriais para o momento da “tomada de poder”.

Nove pessoas acusadas de conspiração começarão a ser julgadas em 21 de maio em um tribunal de Frankfurt.

As investigações sobre suspeitos de extremismo nas forças de segurança estaduais e federal da Alemanha estão em andamento há anos. Em 2022, o Ministério do Interior alemão publicou um relatório apontando ter encontrado atividades extremistas de direita em 327 casos.

O serviço secreto militar alemão (MAD) teve o maior número desses casos, com 83 funcionários com vínculos confirmados com “atividades extremistas individuais”. A Polícia Federal teve o segundo maior número de casos, com 18 membros nessa situação.

As atividades extremistas incluíam a participação em eventos extremistas de direita e em grupos de conversa extremistas, além de ter vínculos com partidos e organizações extremistas.

 

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