segunda-feira 13 de janeiro de 2025

Nordeste tem a segunda maior taxa de mortes violentas subnotificadas

Dados são de 2012 a 2022 e se referem aos homicídios que tem causa indeterminada, suicídios e acidentes
Reprodução

Por Gabriel Mileno e Graziela França, da Agência Tatu

Os homicídios são definidos como mortes violentas pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10). No entanto, quando essas mortes têm causas desconhecidas são classificadas como Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), o que gera homicídios ocultos. Entre 2012 e 2022, foram identificados 14.885 homicídios no Nordeste nesta situação, ficando, assim, fora das estatísticas do Estado.

De acordo com os dados analisados pela Agência Tatu, esse número faz com que a região tenha o segundo maior quantitativo de subnotificações do país durante o período.

O Nordeste teve, ainda, a maior quantidade absoluta de homicídios registrados pelo Estado e em estimados, segundo o que apresenta o Atlas de Violência 2024. No total, foram 249.245 homicídios registrados e 264.130 estimados no Atlas, com uma diferença de 14.885 mortes subnotificadas, como é definido pelos autores.

Homicídios registrados e homicídios estimados

Os autores do Atlas de Violência, Daniel Ricardo de Castro Cerqueira e Gabriel de Oliveira Lins, usaram uma metodologia baseada em machine learning para estimar quantos homicídios realmente ocorreram no determinado ano, município e estado.

“[…] uma metodologia baseada em modelos de aprendizado supervisionado (machine learning), em que o padrão probabilístico de características pessoais e situacionais para cada tipo de evento (se homicídio, suicídio ou acidente) foi aprendido a partir do uso intensivo de dados. A análise baseou-se nos microdados de óbitos por causas não naturais (ou violentas) ocorridas no Brasil desde 1996”.

Assim, para Cerqueira e Lins, o número de homicídios estimados na verdade corresponde à soma dos homicídios registrados com os homicídios ocultos, e a subnotificação surge da diferença entre os registrados e os estimados.

Apesar dos números absolutos elevados no Nordeste, a região Sudeste lidera na quantidade de casos subnotificados ou ocultos, resultando em 30.217 homicídios subnotificados na região entre 2012 e 2022.

Com menos registros e menos homicídios estimados, as regiões do Norte, Sul e Centro-Oeste apresentam quantitativos mais baixos de casos subnotificados ou ocultos, com 2.920, 1.750 e 1.954 homicídios, respectivamente.

Em 2022, a taxa de homicídios no Nordeste era de 37 casos registrados a cada 100 mil pessoas. Já a taxa estimada era de 39 a cada 100 mil habitantes, uma das maiores do país. Estados como Amapá, Bahia, Amazonas, Rondônia, Pernambuco e Alagoas apresentam as maiores taxas de homicídios registrados e estimados.

É possível observar uma mudança na taxa, quando se leva em consideração apenas os registrados, os estimados e a taxa de subnotificação, todas por 100 mil habitantes. “A inclusão dos homicídios ocultos na taxa estimada faz mudar significativamente os indicadores para um grupo de UFs, em particular”, explica a publicação.

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