sexta-feira 22 de novembro de 2024

‘A luz e a poesia têm tido um diálogo instigante’

Entrevistado pelo 082 Notícias, Ricardo Cabús desvenda a relação entre engenharia, poesia e as artes artes em geral
Foto: Arquivo pessoal

Ricardo Carvalho Cabús (1964) é engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), atuando no curso de graduação do Centro de Tecnologia e nos programas de mestrado e doutorado em Arquitetura da instituição.

Ele tem múltiplas atividades acadêmicas e culturais. Além de sua carreira acadêmica, é poeta, tradutor, compositor e produtor cultural. Publicou três livros: Estações Partidas (1994), A Galinha Saudosa (2009) e Cacos Inconexos (2011).

O 082 Notícias entrevistou Ricardo Cabús, idealizador do bem sucedido projeto “Papel no Varal”, que fala de suas paixões e inspirações.

Por Geraldo de Majella

 

Cabús e Arilene de Castro | Arquivo pessoal

082- Em que momento você despertou para a poesia e as artes?
Ricardo Cabús – As artes, de uma forma geral, sempre me tocaram. A poesia deu umas cutucadas na adolescência, mas quando despertei já era adulto.

082- Sua formação acadêmica é em Engenharia. Quanto dessa área está presente na sua produção literária?
Ricardo Cabús – Como engenheiro graduado, minha atuação profissional voltou-se prioritariamente à tecnologia da arquitetura, ao conforto ambiental e em particular à iluminação natural nas edificações dos trópicos. A luz e a poesia têm tido um diálogo instigante.

Cabús (ao fundo) e Chico de Assis | Arquivo pessoal

082 – Quando você se descobriu poeta?
Ricardo Cabús – Nos anos 1990, surgiram os primeiros escritos que tinham forma de poemas e que considero razoáveis. Nessa época também comecei a atuar em saraus poéticos. Creio que há uma certa dialética no dizer e escrever, escrever e dizer.

082 – Seu projeto “Papel no Varal” faz sucesso desde o início. Como surgiu essa ideia? Há novas propostas sendo elaboradas?
Ricardo Cabús – Queria um evento literário que eu gostasse de ir, que o protagonista fosse a poesia e não o ego dos poetas, que as pessoas que não sabiam de poesia pudessem experimentá-la como algo lúdico, que juntasse gente legal, que houvesse música de qualidade, mas como coadjuvante à poesia, etc. Vi que muita gente gostava similar a mim.

Mas vale destacar que o Papel no Varal veio praticamente junto com o programa Minuto de Poesia, na Educativa FM. Depois surgiram os recitais com roteiros que juntavam as obras de um poeta e de um músico ou estilo musical, apenas instrumental, que também fizeram muito sucesso (Bukowski blues, Piazzollando Quintana, Djavaneando Lêdo, Jorge e Hekel, dentre vários).

Ano passado, criei o “Tem Poesia na MPB”. Dessa vez, o roteiro destaca letras de música de um autor, que tenham um viés poético. Começamos com Caetano, Belchior e vem aí Rita, Raul, Chico…

Tem muito mais coisas sendo gestadas. Vamos aos poucos colocando para fora.

Cabús e José Márcio Passos | Arquivo pessoal

082 – Você tem poemas que foram musicados. Poesia e música caminham juntas?
Ricardo Cabús – Não, necessariamente. Mas é um caminho de mão dupla. Embora a estrutura de uma letra carregue algumas particularidades, é possível ver poesia em muitas delas. Tenho feito esse olhar no projeto que citei anteriormente (Tem Poesia na MPB). O contrário também acontece, vários músicos leem um poema e veem música. Em ambos os casos, algumas vezes é preciso alguma adaptação, mas grandes obras de arte surgiram assim.

082 – Em que momento da sua vida você decidiu publicar os livros “Estações Partidas” (1994), “A Galinha Saudosa” (2009) e “Cacos Inconexos” (2011)?
Ricardo Cabús – Estações Partidas foi publicado na empolgação de se sentir poeta e ter o incentivo de muitos amigos (não sei quantos apoiaram apenas pela amizade, mas todos foram importantes). A Galinha Saudosa veio de um convite da Simone Cavalcante e da Claudia Lins, para uma coleção de livros infantis. Já tinha vários poemas para crianças, que havia escrito em meados dos anos 1990, para minhas filhas. Escolhemos esse. Acrescentei um parágrafo e devo ter revisado alguma coisa. As ilustrações de Pedro Lucena deram a forma e a beleza que um livro para crianças pede.

Cacos Inconexos surgiu após o sucesso do Papel no Varal. Tem poesia, letra de música e traduções e prosa poética sobre imagem. Um monte de cacos que poderiam estar separados, mas que achei por bem colocá-los no mesmo ladrilho.

Foto: Arquivo pessoal
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