Por Geraldo Campos Jr, do Poder 360
A Equatorial, que se tornou acionista de referência da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), detém 3 das 5 distribuidoras de energia elétrica mais mal-avaliadas do Brasil. O grupo comprou 15% das ações da empresa paulista por R$ 6,9 bilhões no processo de privatização encerrado na 3ª feira (23.jul.2024).
Fundada em 1999, a Equatorial atua em vários setores, mas tem suas operações concentradas no setor elétrico. Detém 7 distribuidoras de energia elétrica pelo país. No entanto, 6 delas têm índices de satisfação dos consumidores abaixo da média nacional, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A agência todos os anos calcula o Iasc (Índice Aneel de Satisfação do Consumidor) das 51 empresas que fornecem energia ao mercado regulado. O indicador avalia a qualidade percebida, o custo-benefício do serviço, a confiança e satisfação dos consumidores a partir de uma pesquisa amostral realizada com clientes de todas as distribuidoras. São realizadas cerca de 28.000 entrevistas.
Na pesquisa mais recente, referente a 2023, a Equatorial ficou na lanterna das 51 empresas avaliadas com o pior índice registrado na sua distribuidora do Amapá, a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá). A 2ª pior, que opera em Goiás, também é do grupo. Já a 4ª com menor avaliação é a Equatorial Pará.
A partir das entrevistas, o índice é calculado em pontos de 0 a 100, de menor para maior satisfação, A líder foi a pequena Mux Energia, do Rio Grande do Sul, com 75,8 pontos.
A satisfação média nacional com as distribuidoras de energia foi de 59,9. A única concessão da Equatorial que superou esse índice foi a do Maranhão (60,3 pontos).
Outras grandes concessionárias (que atendem mais de 400 mil consumidores) também ficaram com índice de satisfação abaixo da média nacional, como a Light, no Rio, e a Enel, em São Paulo. Já a Energisa Paraíba tem a melhor nota nesse grupo, com Iasc de 66,1 e 12º lugar.
Ranking de continuidade
Outro indicador calculado anualmente pela Aneel é o de continuidade, um dos principais do setor elétrico. É obtido pela média de DEC (duração das interrupções de energia) e de FEC (frequência de interrupções).
Nesse ranking, considerando as maiores distribuidoras, os piores desempenhos são da Equatorial Goiás e da CEEE Equatorial, no Rio Grande do Sul.
Por outro lado, a concessão do grupo Equatorial no Pará tem o 2º melhor desempenho de continuidade do país. Só perde para a CPFL Santa Cruz, empresa que abastece a região de Jaguariúna (SP) e é controlada pela gigante chinesa State Grid.
Como já mostrou o Poder360, o título tarifa mais cara do setor elétrico no país também é do grupo.
A Equatorial Pará tem o maior valor médio das contas de luz residenciais. Cobra R$ 0,96 por kWh (quilowatt-hora), sem contar impostos e a taxa de iluminação pública. A média nacional é de R$ 0,72/KWh.
Saneamento
Até então, a Equatorial só tinha um ativo no setor: a CSA (Concessionária de Saneamento do Amapá). Venceu a concessão em 2021, sendo responsável pelo serviço em 16 cidades no Amapá.
Por meio da CSA, o grupo é responsável pelos serviços de água e esgoto para 734 mil pessoas no Amapá. É menos de 2% dos 28 milhões de clientes da Sabesp em São Paulo.
Além da área de energia e de saneamento, a Equatorial também tem um braço na área de telecomunicações, voltado para o serviço de internet por fibra óptica.
A empresa é uma corporation, tipo de empresa com capital diluído no mercado e sem nenhum investidor com mais de 10% das ações. Dentre seus maiores acionistas estão fundos de Opportunity, Atmos, BlackRock e Squadra. Em 2023, teve lucro de R$ 2,8 bilhões.
O que diz a empresa
O Poder360 procurou a assessoria de imprensa do Grupo Equatorial, mas a empresa não respondeu aos questionamentos sobre os indicadores de desempenho de energia elétrica. Alegou período de silêncio pela compra de ações da Sabesp.