12 de agosto de 2024 5:48 por Da Redação
Os livros dos registros de sepultamento do Cemitério Santo Antônio, no bairro de Bebedouro, em Maceió, sumiram misteriosamente. A descoberta foi feita pelo professor José Balbino dos Santos, morador da área afetada pela mineração de sal-gema da Braskem. Na última sexta-feira, 16, Balbino fez uma consulta à Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb) e recebeu a notícia do coordenador-geral de serviços funerários, Tarcísio Palmeira.
Na quinta-feira, 8, a Prefeitura de Maceió convocou as pessoas com entes sepultados no cemitério de Bebedouro para realizar uma atualização cadastral obrigatória. A ação, segundo o Município, é para “garantir a organização e a manutenção adequada dos registros, bem como melhorar os serviços prestados aos usuários do cemitério”. Os moradores têm até 30 deste mês de agosto para atenderem ao chamado, que foi publicado aqui.
A partir dessa convocação, Balbino foi à Alurb e achou estranho o fato de nos registros constarem apenas mil pessoas sepultadas em Bebedouro quando um levantamento básico aponta para mais de dois mil sepultamentos no local. “Você está vendo, né? Quando a gente vai diretamente na fonte, a gente descobre coisas absurdas”, indignou-se.
Segundo ele, a Prefeitura de Maceió trata com desdém algo que deveria ser sagrado. “Imagine como é que a gente fica? Uma pessoa como você, como eu, que tem lutado esses anos todos, e receber uma informação do cara rindo para você e apontando para um livro bem fininho, dizendo: talvez sua bisavó esteja ali, porque aquele ali eu acho que é o primeiro livro. E eu digo: cadê os outros? as dezenas de livros grossos que tinham aqui, de sepultamento? Sumiram? Como assim?”, relatou, ao classificar o desaparecimento dos registros como uma nova tragédia.
Apagamento
“Isso é gravíssimo!”, disse outra moradora prejudicada pelo maior crime socioambiental em área urbana do mundo, a bióloga Neirevane Nunes, que faz um apelo à Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPAL) e ao Ministério Público Estadual (MPAL) na cobrança de esclarecimentos sobre o sumiço dos registros e que eles sejam devidamente restituídos.
Esse é mais um fato que gera prejuízo às famílias que têm jazigo no Cemitério Santo Antônio. “Isso é mais um crime contra nós, uma violação! É mais um apagamento da nossa história e existência”, criticou Neirevane.