12 de agosto de 2024 6:04 por Da Redação
A diretoria do Hùnkpámè Ayónó Hùndésô, conhecido como Família Húndésô, Organização da Sociedade Civil com ampla atuação na Cultura, Saúde e Direitos Humanos em Alagoas fundada em 2003 denuncia um caso de racismo ocorrido em pleno Dia Nacional do Maracatu, comemorado em 1º de agosto.
De acordo com o relato, o sacerdote e mestre da cultura popular Doté Elias, considerado Rei da Nação do Maracatu Acorte de Alagoas, sofreu um ataque virtual de racismo religioso, que abalou a saúde física e mental dele, resultando em um mal-estar que necessitou de medicação.
“Um grupo de evangélicos fanáticos utilizou a imagem do Sacerdote Doté Elias para prejudicar a vereadora Rita do Araçá, pré-candidata à Prefeitura de Joaquim Gomes-AL. As imagens e vídeos foram postados em um grupo de WhatsApp composto por pastores de Joaquim Gomes. As imagens faziam parte de uma ação chamada ‘São João em Família’, realizada pela nossa organização na comunidade de Riacho Branco, zona rural, onde convidamos a vereadora e outros parceiros para ouvir as necessidades da população, muitas vezes, esquecida pelo poder público municipal, e apresentar os projetos da nossa organização para ajudar a comunidade”, esclarece o grupo.
A nota detalha que o ex-secretário de Cultura de Joaquim Gomes, Ednaldo Lima, conhecido como “Naldo do Irmão”, pré-candidato a vereador pelo PSDB, postou as imagens e vídeos no grupo de WhatsApp “Pastores de Joaquim Gomes”. O printscreen da conversa mostra o Sacerdote Doté Elias convocando as comunidades de terreiros e outros fazedores de cultura do município para participarem da convenção da pré-candidata à prefeitura.
“O vídeo foi acompanhado de uma legenda racista e intolerante: ‘AVE MARIA, ESTÃO APELANDO PRA TODOS OS SANTOS!! TÁ REPREENDIDO EM NOME DE JESUS’. No áudio, Adeilton, presbítero da Igreja Assembleia de Deus, dissemina ódio contra Doté Elias”.
A atitude do pré-candidato trouxe consequências para a Família Húndésô. “Devido a essa exposição racista, nossa organização foi atingida e teve suas atividades sociais suspensas, com participantes receosos de continuar participando, incluindo programas de alfabetização”.
Entre as providências adotadas, no último dia 5 de agosto, Doté Elias, acompanhado pelo advogado Pedro Gomes do Instituto Negro de Alagoas (INEG/AL), registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Vulneráveis em Maceió. Na parte da tarde, o advogado Ronaldo Cardoso, também membro do INEG/AL, prestou atendimento ao Sacerdote Elias, buscando medidas judiciais para coibir os atos sofridos.
“Nós, do Hùnkpámè Ayónó Hùndésô, pedimos ao poder público estadual e federal, e às organizações sociais de defesa dos direitos humanos, que nos ajudem nesta luta. Temos medo da repressão que já estamos sofrendo e pela integridade física, mental e social do nosso Sacerdote Doté Elias”, ressalta a nota da diretoria.