domingo 12 de janeiro de 2025

67 policiais cometeram homicídio com suicídio em seis anos; maioria dos casos foi feminicídio

Casos de policiais que matam e se matam são mais comuns entre PMs da ativa, das regiões Norte e Nordeste, e são influenciados pelo machismo, segundo pesquisa apresentada pelo Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES)
Selo_Ponte

Por Jeniffer Mendonça, da Ponte

De 2018 a 2023, 67 policiais no Brasil cometeram homicídio e em seguida se mataram. Na maioria dos casos, as vítimas eram mulheres com quem os policiais tinham relação afetiva. Os dados foram revelados em um levantamento preliminar inédito apresentado pelo Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES), durante o 18º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na semana passada, em Recife (PE).

A socióloga Dayse Miranda, presidenta do IPPES, destacou o predomínio de feminicídios entre os homicídios seguidos de homicídio praticados pelos policiais. “É um fenômeno que as literaturas americanas colocam como fenômeno de gênero. É onde tem assédio sexual, sempre ligado a conflitos entre homens e mulheres e à violência contra a mulher”, explica.

Dos 67 crimes, 62 foram praticados por servidores da ativa e 5, por inativos. A Polícia Militar foi responsável por 74,6%, seguida pela Polícia Civil, com 17,9%.

Reprodução

Na apresentação, a pesquisadora destacou que, nos últimos seis anos, foi registrado um total de 970 suicídios de agentes de segurança pública, sendo 750 na ativa. A íntegra do levantamento deve ser apresentado em 26 de setembro, no Rio de Janeiro.

Os registros de policiais que matam e depois se matam são mais comuns nas regiões Norte e Nordeste. “Quanto mais tradicional, quanto mais preconceituoso e onde o machismo é estruturante, você tem mais esse tipo de violência”, aponta a pesquisadora.

Reprodução

Dayse destaca que, se o suicídio ainda é um tabu nas polícias e há dificuldade de contabilizá-lo, os homicídios seguidos de suicídio são um fenômeno ainda mais difícil de quantificar e avaliar. “São duas mortes definidas por um conceito, uma categoria de morte violenta adicional que a gente precisa investir em estudos para saber as causas, além da violência doméstica e sexual”, afirma.

A presidente do IPPES, Dayse Miranda, apresenta dados durante mesa sobre saúde mental nas forças de segurança pública, em Recife (PE) | Jeniffer Mendonça/Ponte Jornalism

A dificuldade de produção de informações sobre suicídios e a ausência discussões aprofundadas sobre as carreiras policiais os efeitos das ocorrências de alto risco ou com mortes nos profissionais foram outros problemas apontados durante a conferência sobre saúde mental e segurança pública apresentada no evento do FBSP.

Também participaram da conferência Martin Bartness, ex-subcomandante da polícia de Baltimore, nos EUA, e Madeline Kramer, gerente de programa sênior da Associação Internacional de Chefes de Polícia (IACP, na sigla em inglês), e Isabela Figueiredo, que é diretora do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), vinculado ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Praça dos Três Poderes recebe ato em defesa da democracia em 8 de janeiro

Por Lucas Toth, do portal Vermelho A Praça dos Três Poderes, em Brasília, será

Jornalista recebe apoio após ataque em rede sociais

Em nota oficial, o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas repudiou, nesta sexta-feira (20), os

Paulão cita 082 Notícias e volta a denunciar crime da Braskem em Maceió

O deputado federal Paulão (PT) usou o artigo “A Justiça que segrega”, do historiador

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

Uma perícia realizada pelo Instituto de Criminalística de Maceió em um veículo utilizado na

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

A Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult) reuniu, na terça-feira (10),

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

Veículos cadastrados em aplicativos de transporte urbano, como Uber, 99, InDriver e outros, não

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

Por Iram Alfaia, do portal Vermelho O Brasil possui 1.836.081 eleitores menores de 18

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

A mineração predatória que a multinacional Braskem S/A realizou em Maceió por quase 50

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *