domingo 24 de novembro de 2024

‘Curado’ da poesia, Sidney Wanderley escreve sobre poetas de Alagoas e de “outras galáxias”

082 Notícias ouviu autor de 'Poesia etc.' que, após 45 anos dedicados à poesia, diz ter pedido 'aposentadoria literária' ao INSS

25 de agosto de 2024 6:23 por Geraldo de Majella

Foto: Ricardo Lêdo

Por Geraldo de Majella*

O poeta Sidney Wanderley (1958) nasceu em Viçosa, Alagoas. Viveu e estudou em sua cidade natal até os quinze anos. Em 1976, foi aprovado no vestibular de Medicina, mas, costuma declarar que “abandonou o curso no quarto ano, por falta de vocação e, por influência do professor José Geraldo Marques Wanderley, biólogo e também poeta”. Sidney, então, passou a estudar Biologia e a trabalhar como professor da disciplina até ser aprovado, em 1981, no concurso do Banco do Brasil, onde trabalhou por 15 anos.

Após deixar os cursos de Medicina e Biologia, desistir de ser professor e também se demitir do Banco do Brasil, o poeta operou uma mudança radical em sua vida: abriu uma banca de revistas, chamada Iluminuras, e passou a se dedicar, profissionalmente, à revisão de textos literários e acadêmicos. E claro, a seguir no oficio de poeta por 45 anos.

A última comunicação pública feita pelo poeta foi surpreendente: “Solicitei ao INSS minha aposentadoria literária”.

O 082 Notícias entrevistou o poeta Sidney Wanderley. Acompanhe:

082 – Notícias Poeta, o que significa Viçosa em sua vida, na sua formação intelectual e o quanto esta cidade está presente em sua obra?

Sidney Wanderley –  Como já anotei certa vez, Viçosa foi a cidade que me inventou e que, dialeticamente, eu inventei para meu próprio consumo e deleite. Meu berço, meu papa de aveia, meu regaço, meu veneno e meu exílio. Devo minha formação intelectual até os 15 anos, quando debandei para Maceió, à livraria do Manoel Acioli, à estante de papai e à intensa convivência com o poeta, teatrólogo e farmacêutico, meu padrinho José Aragão. A cidade se faz presente muito mais em minha prosa que em minha poesia. A Viçosa dediquei três livros de prosa: “Cidades” , “A feira” – em parceria com o fotógrafo e grande amigo Juarez Cavalcanti – e “Graciliano Ramos em Viçosa”. Uma trilogia municipal, portanto.

Foto: Ricardo Lêdo

082 – O anúncio de que você, solenemente, se aposentou como poeta é para valer ou há a possibilidade de uma recaída poética?

Sidney Wanderley – Há três anos que não escrevo nem penso em escrever um verso. Pratiquei a poesia por 45 anos (de 1976 a 2021) e, então, solicitei ao INSS minha aposentadoria literária. Minha ocupação hoje consiste em ler, ouvir música na rede e ver bons filmes no sofá.

082 – Você saiu de Viçosa, mas Viçosa nunca saiu de você. É exagerado afirmar que você cria ou recria uma Viçosa para conviver à distância?

Sidney Wanderley- É exatamente o que faço ou tento fazer. Algo assim como Bandeira imaginou Pasárgada, com a diferença que Bandeira era amigo do rei e eu não sou amigo de nenhum prefeito.

082 – Além de sua admiração ou quase veneração pelos Jorges, o de Lima e o Cooper, por quais poetas você se sente atraído?

Sidney Wanderley – No Brasil, por Drummond, João Cabral e Ferreira Gullar. No resto do mundo, por Eliot, Pessoa, Kaváfis, Szymborska e Baudelaire.

Foto: Ricardo Lêdo

082 – “Poesia etc.” é a continuidade de “Notas sobre leituras”?

Sidney Wanderley- É, sim. Ocupei meu vácuo criativo, pois há três anos curei-me da poesia, com pequenos textos sobre poetas de Alagoas e de outras galáxias. Reuni cinquenta desses textos e com eles compus o “Poesia etc.”, um livro que se pretende leve, ágil, palatável, visando não aporrinhar a minha dezena ou dúzia de leitores.

Serviço:

Para adquirir o livro, contatar com o autor pelo WhatsApp (82) 99935-4966. Valor do exemplar: R$ 30,00.

Foto: Julio Caio Vasconcelos

*É historiador e jornalista

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2 Comentários

  • Eu amei todo o texto. No final, ficou um gosto de “ quero mais”. Vou pedir o livro. Grata, Majella, pela bela história.

  • Descobri um grande problema nessa entrevista: ficou curta demais. Deixa o leitor sedento por mais,se for de sede, faminto por mais, se for de fome.

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