6 de setembro de 2024 5:44 por Da Redação
Submetidos a uma espécie de gueto urbano, moradores dos Flexais de Baixo e de Cima, bairros que margeiam a Lagoa de Mundaú, em Maceió, voltam a sofrer as consequências do afundamento do solo provocado pela mineradora Braskem S/A. Explorando sal-gema, a multinacional, integrante do grupo Novonor, destruiu 5 bairros na capital alagoana, atingindo mais de 65 mil famílias.
Na manhã desta sexta-feira, 6, integrantes do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), divulgaram vídeo mostrando containers instalados próximo às casas de moradores do Flexal de Baixo, e acusando a Braskem de transformá-los em moradia daquelas famílias.
Segundo a denúncia, trata-se de um projeto de requalificação da área que a Braskem quer implantar, em parceria com a Prefeitura de Maceió.
“Estamos diante de mais um passo desumano contra os moradores dos Flexais, que residem há mais de 20 anos às margens da lagoa Mundaú, muitos deles criadores de animais e carroceiros. Sem oferecer qualquer indenização justa, tentam forçar essas famílias a deixarem suas casas para implementar um projeto de “requalificação” dos Flexais, que já foi amplamente rejeitado por toda a comunidade” – reagiu Maurício Sarmento, do MUVB.
Para as vítimas, alojar as famílias em contêineres é uma proposta cruel, “uma solução que ignora totalmente a dignidade humana e o direito à moradia adequada”.
Reclamando da falta de sensibilidade e de diálogo por parte dos gestores públicos e da empresa, o MUVB propõe a união das vítimas contra mais uma tentativa de removê-las da área onde estão há décadas. “Precisamos amplificar essa denúncia e exigir respeito e justiça para todos os moradores dos Flexais. Não podemos permitir que mais uma vez o poder econômico passe por cima das pessoas!” – reclama o Movimento Unificado.
O MUVB defende que a Prefeitura de Maceió e a Braskem coloquem as vidas e a história dessas famílias em primeiro lugar, e promova um debate amplo e verdadeiro com os moradores atingidos pela tragédia ambiental que destruiu parte expressiva do território maceioense.
“Vamos nos unir para dizer NÃO a mais essa tentativa de remoção forçada e para exigir um debate verdadeiro, onde as vozes dos moradores sejam ouvidas e respeitadas!” – propõe o dirigente do Movimento das Vítimas da Braskem.
Confira o vídeo aqui.
NOTA
Em nota enviada à redação do 082Noticias, a Braskem esclarece que a afirmação sobre instalação de contêineres nos Flexais, para “alojar moradores”, é inverídica. A futura instalação de contêineres tem o objetivo de armazenar materiais de pesca, temporariamente, até a conclusão das obras de construção do píer e do Centro de Apoio aos Pescadores da região.
Para a instalação dos contêineres, é necessária a retirada de algumas baias. Todo o trabalho será conduzido pelo Município de Maceió, titular das obras previstas no acordo celebrado com as autoridades e a Braskem, com o objetivo de promover a integração urbana e o desenvolvimento dos Flexais.