domingo 24 de novembro de 2024

Audiência pública vai debater reparação do Banco do Brasil por envolvimento na escravidão

Encontro convocado pelo Ministério Público Federal vai reunir representantes do governo federal e de entidades

10 de outubro de 2024 3:23 por Geraldo de Majella

Reprodução

Por Giovanne Ramos, do Alma Preta

O Ministério Público Federal (MPF) agendou para o dia 22 de outubro uma audiência pública que abordará as ações de reparação que o Banco do Brasil (BB) deve implementar no contexto do pacto pela igualdade racial, em razão de seu histórico envolvimento na escravidão.

A audiência será realizada pela Procuradoria Regional de Direitos do Cidadão e reunirá representantes do Banco do Brasil, do Ministério da Igualdade Racial (MIR), do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e de outras entidades que participaram da consulta pública aberta em dezembro de 2023.

Em agosto, o MPF emitiu uma recomendação ao Banco do Brasil e ao Ministério da Igualdade Racial, solicitando que fossem reservados recursos específicos para ações de reparação e definidas prioridades. O órgão alertou que o pacto pela igualdade racial poderia ser reduzido a uma mera “carta de intenções” se não fossem estabelecidas medidas concretas.

De acordo com o MPF, as respostas a essa recomendação foram insuficientes e o cronograma estipulado pela instituição financeira e pelo MIR para o programa de reparação não está sendo cumprido.

O MPF ressaltou que, embora o pedido de desculpas emitido pelo Banco do Brasil em 18 de novembro de 2023 tenha sido um passo importante, ele não é suficiente. “Esse pedido deve ser acompanhado de ações práticas, como aprofundamento da pesquisa histórica, reavaliação da estrutura do banco e a criação, em parceria com a sociedade, de um programa de reparação”, destacou o órgão.

Entre as ações recomendadas em agosto, mas ainda não cumpridas, estava a definição, em até 60 dias, do valor que seria destinado ao Programa de Reparação, previsto para ser lançado em 20 de novembro. Também foi solicitado que o banco promovesse diálogos com a sociedade civil, com base nas respostas da consulta pública conduzida pelo MPF, para estabelecer prioridades, ações concretas e um cronograma de execução entre 2025 e 2026.

O edital de convocação da audiência pública, assinado pelos procuradores Aline Caixeta, Jaime Mitropoulos e Julio Araujo, informa que o evento será virtual, às 15h, via plataforma Zoom. Interessados em participar devem se inscrever pelo e-mail prrj-prdc@mpf.mp.br. O link para o Zoom será enviado após a confirmação da inscrição, e a audiência será transmitida ao vivo pelo canal do MPF no YouTube.

Consulta pública

Em dezembro de 2023, o MPF abriu uma consulta pública por 60 dias, convidando pessoas, entidades e movimentos sociais a se manifestarem sobre o inquérito, especialmente no que diz respeito às propostas de reparação. Foram recebidas mais de 500 sugestões de 37 entidades nacionais e regionais, além de 34 indivíduos.

A diversidade das contribuições foi ampla, incluindo grupos de alcance nacional, como o Movimento Negro Unificado (MNU), a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), e a Uneafro Brasil, além de organizações culturais e religiosas, sindicatos, universidades e cidadãos comuns, que se propuseram a apresentar ideias e recomendações.

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