A Unidade Popular (UP) teve seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 10 de dezembro de 2019. Nas eleições de 2020, o partido lançou a candidatura da jornalista Lenilda Luna à Prefeitura de Maceió, obtendo 4.875 votos, o que representou 1,28% dos votos válidos.
O pleito contou com a participação de dez candidatos, sendo quatro de partidos de esquerda: Valéria Correia (PSOL), Ricardo Barbosa (PT), Lenilda Luna (UP) e Cícero Filho (PCdoB). Entre esses, Lenilda foi a terceira mais votada.
Em 2024, a UP voltou a apresentar Lenilda como candidata, tendo a oportunidade de participar de sabatinas em emissoras de rádios e televisão. Mais uma vez, o partido não contou com Fundo Eleitoral por não ter nenhum deputado federal. O resultado eleitoral – 9.354 votos, 2,05% dos votos válidos – foi positivo diante das dificuldades para custear a campanha, entre outros fatores.
A candidatura de Lenilda Luna teve como principal objetivo reafirmar a linha programática e ideológica do partido durante a campanha. A candidata aproveitou os espaços nas mídias, tendo se posicionado de forma clara na defesa do socialismo e na denúncia do capitalismo. Esse projeto não foi exclusivo de Maceió, mas uma estratégia nacional da UP em todas as cidades onde foi possível lançar candidaturas.
O Programa de Governo da UP Maceió, registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), é uma “carta de compromisso” da candidatura em difundir a agenda anticapitalista. Mas alguns pontos não foram aprofundados. A estatização do sistema de transporte, por exemplo, é uma proposta que a candidata não detalhou nas suas redes sociais.
O fortalecimento radical do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na atenção primária e na promoção da saúde integral é outro ponto que o trabalho da UP deixou sem aprofundamento.
O programa propõe a criação de “laboratórios municipais de medicamentos para garantir o acesso da população a medicamentos de qualidade e a preços justos, e desenvolver uma política de produção de medicamentos estratégicos, reduzindo a dependência da indústria farmacêutica e garantindo o abastecimento contínuo dos serviços de saúde”.
Estatizar o sistema de transporte e criar um laboratório para produzir medicamentos foram o ápice da utopia na campanha eleitoral. O principal, que era explicar como essas propostas seriam implementadas caso a candidata fosse eleita, não foi dito.
O documento programático defendido por Lenilda Luna tem 18 páginas, com enunciados que mereciam ser discutidos com grupos específicos fora da militância partidária. Lamentavelmente, não foram.
Os problemas estruturais de Maceió não foram tocados com profundidade e tempo. É um equívoco achar que campanha eleitoral se presta para o partido político recrutar (para usar o jargão da esquerda) nova militância. E muito menos se organiza o partido durante a busca por votos.
O proselitismo político nesses momentos deve ser em torno de questões que tratam diretamente da vida da população como casa, comida, trabalho, escola, segurança, saúde e transportes, etc.
Para o que se propôs, a candidatura de Lenilda Luna foi além da conta.