31 de outubro de 2024 7:18 por Da Redação
Por Dilson Ferreira*
Uma reflexão:
A última eleição no Brasil trouxe à tona estratégias que ultrapassam o campo da política tradicional, transformando-a em um espetáculo digital, onde a imagem nas redes sociais supera o valor das propostas. O marketing digital psicológico tem sido usado para tornar políticos em “influencers” e eleitores em “seguidores”, criando uma relação em que a popularidade online prevalece sobre o compromisso com a cidadania. Assim, muitos candidatos acabam criando uma “cidade perfeita” nas redes, distante das necessidades reais da população brasileira.
Nas redes sociais, a desinformação e os discursos radicais se destacaram, gerando polarização e desvirtuando o debate. Questões complexas do país foram reduzidas a frases de efeito e abordagens simplistas, que promovem o que chamamos de “lacração” e infantilizam a política, afastando o eleitor de um debate maduro e construtivo. Além disso, práticas como o uso de emendas parlamentares e a mobilização de instituições filantrópicas para atrair votos confundem o eleitor, ao misturar auxílio social com interesses políticos diretos.
Esse contexto de manipulação e marketing exacerbado contribuiu para que cerca de 29% dos eleitores brasileiros optassem pela abstenção. Isso indica que muitos brasileiros já perceberam essas armadilhas e preferem não participar de um processo dominado por estratégias artificiais e oportunistas. A responsabilidade de mudar essa situação recai sobre candidatos verdadeiramente comprometidos com a ética e a transparência, que precisam entender esse cenário e agir para atrair o voto real, baseado na confiança e no diálogo verdadeiro com a população.
Uma democracia saudável exige que os eleitores se sintam representados e respeitados. Para isso honestidade e transparência dos candidatos são essenciais. Só com propostas claras e uma comunicação direta, que vá além da imagem superficial, é possível atrair um voto genuíno e construir uma política mais sólida, alinhada às necessidades do povo.
Quem quiser ser presidente, deputado ou governador na próxima eleição precisa entender esse cenário que vem criando políticos artificiais e de ocasião.
*É arquiteto, urbanista e professor da Ufal