9 de janeiro de 2025 5:12 por Da Redação
A viabilidade técnica da reativação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região de Bebedouro, que foi afetada pela subsidiência do solo, tem gerado intensa discussão. Embora não haja confirmação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a Prefeitura de Maceió fala em retomar a operação até 2027.
Para isso, o Município tem defendido o uso de uma tecnologia japonesa, mas, essa justificativa carece de uma base técnica sólida e de transparência no processo. “A decisão pelo retorno foi tomada após estudos realizados pelo órgão [Defesa Civil] que buscou tecnologias japonesas para chegar à possibilidade de retorno de uso da região para a passagem do veículo”, afirmou a prefeitura, por meio de nota.
Por outro lado, ex-moradores da região, vítimas da mineração da Braskem que afundou o solo em cinco bairros da capital, estão temerosos com esta decisão do Município, que no ano passado enviou uma equipe da Defesa Civil ao Railroad Technical Research Institute, no Japão. A comitiva também contou com técnicos da CBTU. O órgão desenvolve tecnologias para o gerenciamento de emergências sísmico-ferroviárias.
Mesmo assim, o clima é de desconfiança entre a população. Uma internauta usou as redes sociais para pedir à Prefeitura de Maceió que apresente um estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB), para dizer se há ou não risco de os trens trafegarem nas localidades que foram evacuadas por risco de desabamento das minas de sal-gema.
Outros questionamentos também podem ser levantados:
A tecnologia é adequada?
A tecnologia japonesa mencionada foi, originalmente, desenvolvida para mitigar os impactos de terremotos, contexto geológico completamente distinto da realidade de Bebedouro. A subsidência na região é resultado da extração de sal-gema, gerando cavidades subterrâneas que exigem soluções específicas. Até o momento, não existem estudos públicos que comprovem a eficácia dessa tecnologia japonesa em tais condições. Onde estão os relatórios que demonstram sua viabilidade em Maceió?
Relatório que alerta para o risco
Um relatório recente do Instituto Federal de Geociências (IFG), que presta consultoria à Braskem, aponta grave instabilidade na área e a necessidade urgente de preenchimento de 35 minas subterrâneas para evitar colapsos iminentes. A adoção de qualquer tecnologia sem considerar esse diagnóstico coloca em risco a segurança da população e questiona a responsabilidade técnica das autoridades. Como garantir que essa solução, ainda sem comprovação, seja adequada para a realidade local?
Falta de transparência
As decisões tomadas até agora carecem de transparência. É essencial que os técnicos que viajaram ao Japão, juntamente com o chefe da Defesa Civil, apresentem publicamente os resultados da viagem. A sociedade alagoana tem o direito de saber quais tecnologias foram analisadas, como seriam aplicadas e se há estudos que sustentem sua eficácia em áreas de subsidência como as de Bebedouro e os demais bairros afetados.
Questões Cruciais a Serem Respondidas
- Qual é a tecnologia proposta e como será aplicada em Maceió?
- Quais acordos foram firmados e onde estão os termos de cooperação e convênios assinados?
- Existe algum estudo técnico que comprove a adequação da tecnologia japonesa à realidade de Bebedouro?
Ações Necessárias
Para garantir a segurança da população e a integridade do processo, algumas ações são imprescindíveis:
- Solicitar informações formais aos técnicos e ao chefe da Defesa Civil sobre a viagem ao Japão e a tecnologia discutida.
- Realizar uma audiência pública, onde sejam apresentados os resultados e detalhes técnicos, considerando que o VLT é um projeto de grande alcance e impacto para milhares de usuários.
- Analisar criticamente as informações recebidas e compará-las com estudos técnicos e soluções aplicadas em situações similares.
- Solicitar ao Instituto Japonês, via órgãos competentes envolvidos no acordo dos bairros afetados, um parecer técnico da tecnologia e se ela se aplica a nossa cidade. Bem como esclarecimentos entre a tecnologia e nosso caso
- Solicitar a equipe técnica da Defesa Civil que foi ao Japão para apresentar em audiência pública o resultado da viagem e a seguranca da tecnologia a sociedade alagoana.
Um chamado à responsabilidade
Embora o projeto do VLT tenha potencial para melhorar a mobilidade urbana, ele não pode ser conduzido às pressas, comprometendo a segurança dos moradores das áreas afetadas. A população de Maceió exige transparência e decisões embasadas em critérios técnicos sólidos. Qualquer descuido nesse processo pode acarretar sérias consequências, tornando essencial que cada passo seja guiado por responsabilidade e ética.