27 de julho de 2020 11:48 por Marcos Berillo
Um caso ganhou repercussão na cidade de Botucatu, interior do estado de São Paulo. Um funcionário público de 61 anos, que não quer se identificar por questão de segurança, diz que encontrou na última sexta-feira 24 uma carta deixada em seu correio com ameaças junto de balas de revólver por conta do seu posicionamento político.
Dentro do envelope havia dois projéteis, um de calibre .38 e outro .32. Na carta, o criminoso cita outra militante de esquerda da cidade, que também não quer ser identificada. Francisco e Maria (nomes fictícios) fazem posts nas redes sociais contra o presidente Jair Bolsonaro e políticos de direita da região. Francisco é filiado ao PT e Maria já foi candidata a vereadora pelo MDB, na época em que o partido fazia coligação com o PT. Ambos são figuras conhecidas na cidade do interior.
A reportagem teve acesso à íntegra da carta com as ameaças. Nela, o autor diz que uma bala é para Francisco e outra para Maria. “Você é um idiota, fica postando mensagens contra pessoas de bem seu inútil, você é um petista lixo”, diz. “Fica esperto, sabemos onde você mora seu lixo, continua com suas postagens que você e sua amiga vão ver só”, escreve.
Em outra da parte da carta, o autor das ameaças diz que funcionários da polícia de Botucatu sabem quem são as vítimas, uma vez que recebem diversas críticas feitas pela dupla. “Agora eu quero ver você correr na delegacia pedir ajuda se você sempre falou mal da polícia, seu filho da p. Vai lá, vagabundo, a polícia sabe quem é você”, escreve.
“Acredito se tratar de perseguição/opressão política por parte de bolsonaristas e psdebistas de Botucatu, pois a carta é direta na mensagem”, diz Francisco em entrevista a CartaCapital. “Pratico (política) de esquerda com muita verdade e sem exageros, sou anti-direita e todos que votam contra os trabalhadores e oprimidos que mais necessitam de proteção”.
Francisco e Maria fizeram Boletim de Ocorrência por ofensa, injúria, difamação e ameaça de morte no Plantão Policial de Botucatu, que deve instaurar investigação para apurar os fatos. O material foi confiscado para perícia.
Maria afirma que o caso será enviado também para a Delegacia de Defesa da Mulher, já que a intimidação se estende para uma mulher, exigindo apuração diferenciada, conforme consta na Lei Maria da Penha. A Secretaria de Segurança Pública do Estado ainda não se pronunciou sobre o caso até o fechamento desta reportagem.
Fonte: Central Única dos Trabalhadores