domingo 24 de novembro de 2024

Entenda como funciona o estudo que avaliará impacto da ozonioterapia no tratamento da Covid-19

Segundo o presidente da Aboz, o método, assim como outros em evidência atualmente, não atinge diretamente o coronavírus, mas pode ajudar na recuperação de problemas específicos causados pela Covid-19

7 de agosto de 2020 6:25 por Marcos Berillo

Com a repercussão midiática nas redes sociais sobre o vídeo em que o prefeito do município de Itajaí/SC, Volnei Morastoni, afirma que pretende adicionar aplicação retal de ozônio como tratamento de pacientes infectados com Covid-19, muitas dúvidas sobre a eficiência desse método foram surgindo.

Tudo começou a partir da divulgação de um estudo em andamento conduzido pela Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz), no qual a instituição garante que esse tipo de tratamento pode ajudar na recuperação de pessoas que contraíram o novo coronavírus. A expectativa é de que até o fim do ano já se tenha resultados científicos concretos sobre o estudo. “A ozonioterapia tem o objetivo de colaborar com outras técnicas terapêuticas”, destaca o presidente da associação, Dr. Arnoldo de Souza.

“Quando o ozônio entra em contato com os fluidos biológicos, ele se transforma em outra substância, o peróxido de hidrogênio e os poli aldeídos insaturados. O primeiro vai atuar de maneira germicida. Atua melhorando a oxigenação dos tecidos, através do estímulo dos glóbulos vermelhos. Além de tudo, melhora o perfil de funcionamento da insulina, levando glicose para dentro da célula e favorece o perfil de funcionamento da glândula tireoide”, explica.

O médico ressalta, ainda, que a ozonioterapia é uma Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PIC), ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que pode ser usado como um “tratamento coadjuvante a uma série de problemas que, com a melhora das condições fisiológicas do organismo, ajuda que aquele terreno biológico possa combater melhor as doenças crônicas”. Segundo ele, o método, assim como outros em evidência atualmente, não atinge diretamente o coronavírus, mas pode ajudar na recuperação de problemas específicos causados pela Covid-19.

“A ozonioterapia pode atuar sobre todas as manifestações de fenotipagem clínica desta doença. Ou seja, se a doença provoca inflamação nos tecidos, o ozônio combate a inflamação. Se a doença provoca fenômenos tromboembólicos, o ozônio melhora a circulação. Se a doença rouba o oxigênio dos tecidos, o ozônio oferece mais oxigenação. Se a doença aumenta extremamente o estresse oxidativo do organismo, o ozônio melhora o combate a esse estresse oxidativo”, pontua.

A pesquisa científica da Aboz já começou a ser realizada no Brasil, em centros cadastrados e com os mesmos procedimentos, tanto em âmbito hospitalar quanto ambulatorial. “Pacientes com Covid-19 serão divididos em dois grupos. Um grupo vai receber o tratamento convencional que aquela instituição venha ministrando, enquanto o outro grupo recebe o mesmo tratamento agregado da ozonioterapiza”, afirma.

A ozonioterapia é uma técnica que utiliza a mistura gasosa oxigênio-ozônio para fins medicinais. De acordo com a Aboz, o ozônio é um dos oxidantes naturais mais potentes, com importantes propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais, sendo um poderoso germicida. O método é considerado de aplicação simples e tem baixo custo.

Para complementar o tratamento de pacientes com Covid-19, a forma de aplicação deste protocolo de pesquisa será a insuflação retal (ânus), considerado por Arnoldo de Souza um método de baixo risco, seguro e eficaz.

“Há muito preconceito quando se fala na via de aplicação da ozonioterapia, mas a via retal é mais segura do que a intravenosa, por exemplo. Este meio de aplicação também é o que foi aprovado no nosso protocolo de pesquisa ambulatorial pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa”, explica.

Por meio de nota, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia afirma que “não recomenda a ozonioterapia como tratamento para a Covid-19, tendo em vista se tratar de uma técnica ainda experimental e que pode agravar a saúde do paciente”.

O Ministério da Saúde também informou que a ozonioterapia não deve ser recomendada como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos, uma vez que os efeitos da prática em humanos infectados por coronavírus ainda são desconhecidos e podem ter maiores complicações.

A reportagem do Brasil 61 também entrou em contato com o Conselho Federal de Medicina. Até o fechamento desta matéria, a assessoria de imprensa ainda não tinha retornado à demanda. No entanto, a Resolução CFM nº 2.181/2018 define a ozonioterapia como um procedimento que pode ser realizado apenas em caráter experimental. “Isso implica que tratamentos médicos baseados nessa abordagem devem ser realizados apenas no escopo de estudos que observam critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).”

Durante uma live no Facebook na noite desta terça-feira (4), o prefeito de Itajaí – SC, Volnei Morastoni, afirmou que existe a possibilidade de o município adotar a aplicação de ozônio por via retal como medida de tratamento contra a Covid-19 em pacientes com casos confirmados da doença.

“Até o momento não há tratamento definitivo para a Covid e todas as iniciativas baseadas em estudos científicos são importantes para auxiliar na busca pelo tratamento. Estamos procurando diversas estratégias para prevenção e redução do impacto desta pandemia em nosso município”, destaca Morastoni, que também é médico pediatra e homeopata.

“É uma aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente vai ser via retal. É uma aplicação tranquila e rápida de dois minutos com cateter fino, e isso dá um resultado excelente”, complementa o prefeito.

Para participar do estudo, o município deve implantar um ambulatório para tratamento de pacientes com sintomas leves a moderados da doença com a ozonioterapia de forma complementar. Ainda não há data prevista para o início do estudo no município. Os pacientes poderão participar da pesquisa de forma voluntária, desde que preencham os requisitos do estudo e assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Pesquisa.

Fonte: Brasil 61

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