15 de agosto de 2020 12:52 por Thania Valença
Fotos: Divulgação
No dia 14 de setembro próximo o governo de Alagoas realizará sessão pública abrindo a concorrência para construção do Aeroporto Costa dos Corais, no município de Maragogi, distante cerca de 130 quilômetros de Maceió, a capital. De caráter internacional, a concorrência foi aberta com a publicação, no dia 11 último, do edital de licitação.
A iniciativa do governador Renan Filho está sendo comemorada não somente pela Prefeitura de Maragogi, mas também por entidades dos segmentos comércio e turismo. O medo de que haja evasão de turistas em Maceió, já que Maragogi está mais próximo do litoral e da capital de Pernambuco, é descartado pela alta expectativa de desenvolvimento que o aeroporto representa.
“O aeroporto é outra obra estruturante fundamental para o desenvolvimento da região [Norte]. Certamente vai impulsionar o desenvolvimento do turismo, já que Maragogi é uma das cidades que mais recebem turistas no Brasil entre aquelas que não possuem aeroporto” – afirmou Renan Filho ao anuncia a concorrência pública, destacando que o projeto será totalmente executado com recursos próprios.
O aeroporto foi anunciado pelo governo como uma obra que vai estruturar o turismo em toda a região Norte de Alagoas. Porém, surgiu o temor de que o comércio, serviços e o setor hoteleiro da capital sejam atingidos negativamente com a “fuga” de turistas que, ao invés de sairem de Maragogi para Maceió, optem por esticar a viagem indo conhecer praias de Pernambuco, e a histórica Recife.
Os temerosos avaliam que, desembarcando no Aeroporto Zumbi dos Palmares, o turista já está em Maceió, aproveitando para ir aos bares e restaurantes da orla, ao Mercado de Artesanato, a Marechal Deodoro, que é uma cidade histórica, para conhecer a culinária do povoado Massagueira, e outras atrações. Com o desembarque em Maragogi, há o risco de que diminuam as oportunidades de consumo e hospedagem por aqui.
Entretanto, esse risco é descartado não só pelo próprio governo, como por entidades do comércio e hoteleiros, que celebram a obra de construção do aeroporto de Maragogi como um grande benefício para Alagoas. A certeza é que os vôos regionais virão para desenvolver o litoral Norte.
Para o prefeito Fernando Sérgio Lira, o aeroporto vai aproximar a região do resto do Brasil. Afinal, destaca ele, Maragogi é o segundo polo turístico do Estado e uma das cidades turísticas brasileiras que mais recebem visitantes.
A obra recebe aprovação também da Federação do Comércio (Fecomércio/AL), que não vê riscos para o comércio de Maceió.
“Vimos o anúncio do governo da construção do aeroporto de Maragogi e entendemos ser de grande importância para o desenvolvimento econômico da região Norte do estado, e também dos estados vizinhos com abrangência territorial, cuja logística promoverá incremento em diversos setores, industrial e de serviços” – afirmou o presidente da entidade, Gilton Lima.
O presidente da Fecomércio lembra a política de regionalização do turismo, base da ação do Ministério do Turismo. “A política ministerial objetiva o desenvolvimento da atividade em regiões turísticas a partir de cidades pólo onde já há relativa maturidade, seja entre o empresariado local, seja na interface com o mercado, infraestrutura, divulgação, inovação, além de outras dimensões monitoradas e fomentadas pelos órgão oficiais nas esferas municipal, estadual e federal” – diz Gilton Lima.
Para ele, a existência de um equipamento como o anunciado aeroporto de Maragogi possibilitará incremento do fluxo turístico para a região Norte de Alagoas, que atualmente se utiliza em número significativo do acesso de turistas através do aeroporto do Recife (PE).
Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/AL) descarta o temor de prejuízo ao turismo de Maceió, lembrando que muitos turistas que visitam Maragogi chegam pelo aeroporto de Recife (PE). A entidade avalia que o Aeroporto Costa dos Corais não deve trazer efeito significativo na redução do fluxo na capital.
“Até porque são propostas diferentes – Maceió oferece movimentação e estrutura de uma capital, enquanto Maragogi, uma experiência de cidade litorânea, pequena, sem grande movimentação. Ambos os destinos, entretanto, possuam moderna infraestrutura hoteleira, hotéis premiados que são referência no mercado nacional, e grandes belezas naturais” – afirma a direção da ABIH, em nota encaminhada ao 082noticias.
Além disso, acrescenta, existem diversos receptivos turísticos que fazem o “bate e volta” Maragogi – Maceió e vice-versa. E essa é uma das principais vantagens de Alagoas, as curtas distâncias entre os destinos do estado, o que permite que o turista explore os atrativos de norte a sul, do sertão ao litoral.
Para os hoteleiros, a construção do aeroporto de Maragogi chega em um momento importante de expansão do turismo em Alagoas, que está cada vez mais forte no Litoral Norte, com novos empreendimentos e atrativos, além de um fluxo de turistas que cresce a cada ano. Maragogi é o segundo destino alagoano mais procurado pelos turistas, depois de Maceió. Prova disso foi a pesquisa da Booking, apontando o caribe brasileiro (como é conhecido) como 9° destino de praia mais procurado do Brasil, ranking que tem o 8° lugar ocupado por Maceió.
Semelhante argumento é usado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Turismo (Sedetur), que descarta o risco de prejuízo à capital.
Para o governo, as cidades compartilham turistas, não subtraem uma da outra.
Para o governo, as cidades compartilham turistas, não subtraem uma da outra.
“O possível crescimento de turistas em Maragogi não tira visitantes de Maceió, pelo contrário. O Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares cresce em fluxo de passageiros a cada ano – com exceção deste período de pandemia – e isto também é fruto de um intenso trabalho de promoção do Destino Alagoas e incremento da malha aérea encabeçado pela Sedetur e sua relação comercial próxima com as companhias aéreas, com início inclusive de uma conexão direta com a Europa neste ano, o que será positivo para todo o Estado de Alagoas” – diz nota da secretaria.
Para o governo, as cidades compartilham turistas, não subtraem uma da outra. “A pessoa que compra um pacote de viagens de sete dias em Alagoas ela certamente visitará neste período Maceió e Maragogi. São cidades próximas com atrativos diferentes e diversificados que se complementam” – destaca a Sedetur.
Ao investir R$ 100 milhões de recursos próprios nesse projeto, ressalta a Sedetur, o governo atende a uma demanda que surge pela importância que Maragogi tem alcançado no cenário do turismo nacional e internacional. Segundo a Secretaria, somente no ano passado, mais de 500 mil pessoas visitaram Maragogi durante todo o ano.
“A cidade é berço de grandes resorts como Salinas e Grand Oca, além de dispor de uma ampla e diversificada rede hoteleira. Com um aeroporto na cidade, esta demanda certamente irá ainda aumentar, dando ainda mais visibilidade ao destino, incluindo a possibilidade de vôos charters e fretados de companhias e operadores de viagens, a exemplo da CVC e Azul Viagens, para Maragogi. O que já é uma realidade para Maceió há décadas” – avalia a Secretaria.
Por fim, o governo entende que, com o crescimento do número de turistas, cresce toda a cadeia produtiva do turismo: hotéis, bares, restaurantes, receptivos, atrativos, tudo gerando ainda mais emprego e renda na cidade.
Duplicação AL 101 NORTE
Na esteira do receio de prejuízos à atividade do turismo, comércio e serviços na capital por conta do futuro aeroporto de Maragogi, surge a ideia de que a duplicação da rodovia AL 10 Norte seria melhor alternativa para levar turistas do aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió, até aquele município.
A ABIH/AL avalia que a duplicação é fundamental para o desenvolvimento de toda a região do Litoral Norte, não como alternativa ao aeroporto, mas como mais um equipamento de geração de emprego e renda para os alagoanos e o desenvolvimento turístico e social dos municípios do Litoral Norte.
“Com a obra, os turistas ganharão tempo e praticidade, permitindo melhor aproveitamento do destino e uma experiência positiva sobre a estrutura encontrada no estado. A duplicação diminuirá ainda mais a distância, com a melhora do tráfego, que é intenso na região, e levará o fluxo turístico a mais cidades turísticas, que serão acessadas mais facilmente” – acrescenta a Associação dos Hotéis.
O Aeroporto Costa dos Corais será construído há cerca de 2 km da região central da cidade de Maragogi. Será um projeto moderno, com um terminal de passageiros baseado em características da região da Costa dos Corais.
Segundo a Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio de Maragogi, o município dispõe de 126 meios de hospedagens, entre resorts, hotéis, pousadas e hostels, totalizando 2.536 unidades habitacionais e 7.477 leitos. O setor emprega mais de 1.500 funcionários, oferecendo ainda 84 bares e restaurantes.
