12 de fevereiro de 2020 12:40 por Marcos Berillo
A Lava Jato, que seria uma operação do MPF de combate à corrupção, ganhou musculatura, apoio político e social. Em nome da moralidade, seus membros e o núcleo da Polícia Federal do seu entorno acuaram os Poderes da República.
Os grandes grupos ou as famílias que comandam a imprensa brasileira assumiram a condição de braço “armado” da Lava Jato. As prisões espetacularizadas são pré-julgamentos com linchamentos transmitidos ao vivo para o Brasil e para o mundo. Esse modus operandi se reproduziu no sistema de justiça nacional.
Milhares de mandados de busca e apreensão, prisão temporária, e de condução coercitiva foram efetuados e para cada ato ou fase da operação, tem sido orquestrado um ardiloso esquema de mídia.
Os seus membros assumiram a condição de ativistas políticos com participação em atos organizados em auditórios, nas ruas e através das mídias. As estratégias no campo político e eleitoral foram estabelecidas para os membros da Lava Jato que se dispuseram a concorrer às eleições de 2018 e nas próximas eleições de 2020 e 2022.
O Procurador-Geral do Ministério Público de Alagoas (MPE/AL), Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, é o nome com maior visibilidade e com perfil ideológico “lavajatista”. É bolsonarista e mantém boas relações com o deputado Eduardo Bolsonaro.
Tem inserção em setores bolsonaristas das polícias, principalmente na Militar. Exerceu o cargo de secretário de Segurança Pública de Alagoas e é quem reintroduziu o discurso público: “entre um milhão de bandidos e um policial quero que morra um milhão de bandidos”. Versão atual de “bandido bom é bandido morto”.
Esse discurso fora abolido nos governos Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela Filho. Mas o tal discurso nunca foi contestado pelo governador Renan Filho. O nome do procurador-geral é um dos que estão sendo ventilados pelo governador e pela cúpula do MDB para disputar a prefeitura de Maceió.
O governador Renan Filho selou uma aliança ou pacto político com Alfredo Gaspar de Mendonça, ao nomeá-lo secretario de Segurança Pública e, em seguida, destinar uma diretoria na Secretaria de Estado da Agricultura para o seu filho. Ambos ganharam, mas é possível que o ganho maior tenha sido do governador, ao trazer para ser seu auxiliar o principal membro do Ministério Público Estadual.
A sorte foi lançada e o procurador-geral do MPE/AL é uma possibilidade a ser considerada na disputa pela prefeitura de Maceió.
O cenário é positivo, mas será que o Dr. Alfredo Gaspar vai renunciar ao cargo para disputar as eleições? Em breve teremos a resposta.
Em campanha ele está, faz tempo.