domingo 24 de novembro de 2024

Quem não quer carnaval em Maceió

18 de fevereiro de 2020 3:54 por Geraldo de Majella

 

“Maceió é a cidade para se descansar durante o carnaval.” Todos sabem que uma mentira, depois de ser muitas vezes repetidas, acaba passando como se fosse um fato verdadeiro. Mas quem são os interessados na difusão dessa mentira? Os hoteleiros? Nego-me a acreditar em tão risível coisa. Não consigo entender e muito menos achar que isso é algo inteligente para ser dito.

Mas já ouvi muitas vezes autoridades em público categoricamente afirmarem tal coisa. Dos empresários ouvi sutilmente dizerem que durante os festejos momescos, os hotéis estão ocupados. Menos mal.

As festas em todos os lugares do mundo são caminhos certos de atração de rendas, de riquezas, além, óbvio, de prazer e alegria. Com o carnaval não é diferente. Mas parece que em Maceió estão – e não é de hoje, já faz bastante tempo − querendo cristalizar uma grande mentira, e o povo em boa hora está dando sucessivas respostas, que são sinais de vitalidade a cada ano.

As prévias carnavalescas estão crescendo ano após ano; antes, na cidade, tínhamos os famosos banhos de mar à fantasia, sempre no domingo que antecedia o sábado de carnaval.

Blocos animando milhares de foliões que, frevando no asfalto da avenida da Paz e na areia branca da praia, se esbaldavam. O Poder Público apoiava, mas era a espontaneidade do povo, com toda a irreverência possível, que alegrava e abria triunfalmente o nosso carnaval.

A Polícia Militar, através do Bloco Vulcão, animava o Banho de Mar à Fantasia. Dito assim parece que estou sendo saudosista, mas não. Estou apenas trazendo uma referência histórica. Essas eram as prévias − como o nome sugere era assim que se abriam os carnavais de Maceió, durante muitas décadas, desde tempos imemoriais.

Evidentemente que houve mudanças, tanto de local como no modo de a população brincar no carnaval. O corso, por exemplo, existiu numa época em que o automóvel era uma novidade na sociedade alagoana e brasileira. Hoje, certamente, o corso não teria o apelo que já teve no passado.

A conversa, hoje, é outra. O Pinto da Madrugada, o maior bloco de Alagoas, tem levado para a avenida Dr. Antônio Gouveia, na Pajuçara, milhares de foliões. Nunca na história dos nossos carnavais tamanha multidão acompanhou animadamente blocos de carnaval.

E o que dizer de dezenas de outros blocos que desfilam pela Avenida Dr. Antônio Gouveia, nas ruas de Jaraguá e pelos bairros da capital? Tem bloco organizado pelos moradores do Benedito Bentes, Serraria, Feitosa, Jatiuca, Jacintinho, Bom Parto, Santo Eduardo, Vergel, Ponta Grossa, são milhares de foliões, moradores do bairro brincando o carnaval como podem.

O presidente da Liga dos Blocos de Maceió, Dinho Lopes, vem se dedicando desde a sua fundação, em 1991, para que na cidade se organize o carnaval, antecedido pelas tradicionais prévias.

Mas existe algo ainda não identificado, pelo menos por mim, que trabalha ferozmente contra a ideia saudável de em Maceió haver carnaval com blocos, orquestras, grupos de maracatus, cirandas, bois, onde o frevo seja o ritmo predominante durante os festejos de Momo.

Atentem bem. Se existem e desfilam em Jaraguá, e em outras áreas da cidade, cerca de 130 blocos – esses são os inscritos na Liga −, sem que houvesse qualquer apoio significativo do poder público, imaginemos com o apoio efetivo da prefeitura municipal e do governo estadual.

E o que dizem os gestores públicos da área? Turismo e cultura andam juntos em todos os lugares do mundo, mas aqui em Alagoas estão dissociados. Esse divórcio é danoso para Maceió e para Alagoas.

A racionalidade econômica diz que os empresários deveriam ser os principais interessados, creio que indo além do Poder Público, da prefeitura e do governo do Estado. Os hoteleiros podem ampliar os seus negócios, os distribuidores de bebidas e refrigerantes, água mineral, sucos etc., também certamente ampliariam os negócios. Os varejistas de um modo geral, os supermercados, para ficar nesses apenas, ganhariam bem mais.

A economia advinda do carnaval seria robustecida em Maceió e em Alagoas. Os ambulantes ganhariam porque comprariam mais produtos industrializados nas redes varejistas e, após os festejos do carnaval, suas contas bancárias estariam mais recheadas.

A municipalidade e o governo do Estado, destino natural dos impostos, certamente ficariam mais bem colocadas na fotografia do carnaval de Maceió e de Alagoas.

O fio condutor, para mim, é a economia. A Liga dos Blocos poderia apresentar uma proposta de organização do carnaval de 2021 aos representantes das entidades do comércio e das indústrias de Alagoas.

Tentar persuadir o comércio e indústria é um caminho para Maceió voltar a ter carnaval de verdade durante os dias carnaval.

Evoé!

 

 

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5 Comentários

  • So com as Prévias é passaporte para Salvador, Olinda e Rio. Carnaval em Maceió deve ser na sua integralidade. Aproveito envio Carvaval Vulcão pela PM de Alagoas .
    https://www.facebook.com/claudevanmelo.melo/videos/1844398008967668/?app=fbl

  • Acho esta uma preocupação muito boa. Embora há quem viaje para outras cidades durante o carnaval, grande parte da população não tem condições financeiras de fazê-lo. Seria excelente, a população ter oportunidade de comemorar e brincar livremente em sua própria cidade, com apoio e gestão do poder público.

  • Gosto de carnaval e apesar de gostar do carnaval do Recife ou do Rio, tendo o nosso, ficarei sempre por aqui.

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