21 de fevereiro de 2020 2:57 por Geraldo de Majella
José Alves Feitosa, jornalista profissional (repórter fotográfico) e poeta. Nasceu em 29 de março de 1951 na cidade de Paulo Jacinto, Alagoas. Filho do cearense Antonio Alves Barbosa e de Rosa Feitosa Barbosa. O pai “seu” Antonio, trabalhador, passou parte da vida entre Alagoas e o Ceará, mas em 1960 o velho artesão toma uma decisão definitiva na vida: fixou-se em Paulo Jacinto, região serrana no agreste alagoano. Estabelecido na cidade montou uma pequena fábrica de calçados de couro.
A produção da semana era vendida aos sábados nas feiras de Viçosa e aos domingos em Paulo Jacinto. Os chinelos, as alpercatas e os sapatos eram de qualidade, rapidamente formou uma boa clientela nas duas cidades. O negócio era pequeno, não dispunha de capital suficiente para comprar matéria prima em quantidade suficiente para obter maior lucro. Mas mesmo assim criou a família com o suor do seu trabalho.
José, o segundo dos filhos, depois de perambular como cigano com o pai entre Alagoas e Juazeiro do Ceará, e também após o falecimento da mãe, dona Rosa em 1963, foi estudar em Viçosa, cidade vizinha onde morava o avô paterno “Seu” Camilo. O contato com os cantores, a música popular e a poesia de cordel, abriu uma janela na vida do adolescente que mais tarde se tornaria poeta.
O ambiente de boemia em Viçosa, terra de grandes figuras, como o músico Zé do Cavaquinho, Teotônio Vilela, Octavio Brandão, José Maria de Melo, José Pimentel, José Aloísio Brandão, Alfredo Brandão, Sidney Wanderley, Denis Melo, Eloi Loureiro Brandão, Nelson Almeida e outros. Feitosa, diz sempre que: “Foi em Viçosa que iniciou o aprendizado do jornalismo e de minha profissão de repórter fotográfico.”
Trabalhou como repórter fotográfico em todas as redações de Alagoas, dos extintos Jornal de Alagoas, o mais antigo do Estado, que pertencia a cadeia dos Diários Associados, Jornal de Hoje, Gazeta de Alagoas e Tribuna de Alagoas, na primeira fase do jornal, quando foi inaugurado e pertencia ao senador Teotônio Vilela.
O fotógrafo desenvolveu habilidade e apurou a sensibilidade no dia-a-dia: cumprindo pautas, fotografando a seca, a miséria no sertão de Alagoas ou em Maceió, captando cenas cruéis de crianças saciando a fome catando resto de comida no lixo para comer em bairros periféricos. O olho de repórter e a sensibilidade de poeta caminharam juntos, sempre e desse feliz casamento nasceu um grande fotografo e cidadão.
O dia-a-dia na redação de um jornal é, para muitos, enfadonho, sem grandes perspectivas, mas para José Feitosa, essa rotina foi superada com os projetos que desenvolveu. O afastamento temporário das redações aconteceu em vários momentos. Primeiro vieram as campanhas eleitorais, ao ser contratado para cobrir campanhas de candidatos majoritários da oposição, naquela época o PMDB, tanto ao governo de Alagoas como ao senado da República, em 1982 e 1986.
Nas eleições de 1982 entregou-se de corpo e alma, passou a ser fotógrafo e poeta oficial dos candidatos José Costa e José Moura Rocha. O Brasil desde 1966 não elegia os governadores dos estados, a ditadura militar havia acabado com as eleições diretas através do voto popular, os governadores passaram a ser escolhidos pelas assembléias legislativas.
A década de 1980 entrou com esperanças de que o país superaria a ditadura militar. José Feitosa foi eleito dirigente sindical, em diversas oportunidades e para diversos cargos na diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas. O movimento sindical brasileiro havia crescido, greves eram proibidas, mas os trabalhadores vinham realizando movimentos paredistas em vários estados e categorias, os jornalistas de Alagoas também fizeram a sua em 1979.
A luta contra censura nas redações era uma das principais bandeiras dos jornalistas. Em todos esses momentos esteve presente o jornalista e poeta José Feitosa, o Zé da Feira.
1 Comentário
Por onde anda o amigo Zé da Feira?