27 de fevereiro de 2020 4:42 por Marcos Berillo
Nos seis dias de carnaval em Alagoas, ou seja, da sexta-feira, 21, até a quarta-feira de Cinzas, 26, a Polícia Militar atendeu 141 casos de violência contra a mulher. O dado é oficial, produzido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-AL), com informações do Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac).
Já a Polícia Civil registrou, no mesmo período, 62 ocorrências tipificadas como infração à Lei Maria da Penha. Os números da PC fazem parte do relatório da Delegacia Geral, produzido pela Gerência de Estatística e Informática, unidade da Assessoria Técnica de Estatística e Análise Criminal.
Um dos casos mais violentos foi o assassinato, a sangue frio,da adolescente Joyce Mariele Cândido da Silva Santana, de 16 anos, na terça-feira,25, em um conjunto residencial no bairro Cidade Universitária.
A frieza do assassino choca a quem assiste ao vídeo gerado pelas câmaras de segurança no ponto exato onde ocorreu o crime. As câmeras flagram o ex-namorado da vítima, Lucas Felipe Cardoso Moleda, atirando na cabeça de Joyce Mariele. A arma usada no rime pertence ao pai de Lucas Felipe, que é policial militar reformado.
O motivo, segundo a polícia, foi a recusa da adolescente em retomar o namoro com o assassino.
Esse crime e todos os outros registrados, revelam um quadro estarrecedor e inaceitável, que exige das
autoridades públicas ações mais efetivas para por fim a violência, que vai do assassinato ao cárcere privado,passando ainda por agressão física, psicológica, sexual e moral.
Estudos da Organização Panamericana da Saúde (OPAS) provam a eficácia dos programas de prevenção e resposta. Segundo a Organização, “são necessários mais recursos para fortalecer a prevenção e a resposta à violência por parte do parceiro e à violência sexual, incluindo a prevenção primária, ou seja, impedindo que isso chegue a ocorrer”.
A OPAS reconhece ainda a eficácia de programas escolares para prevenir a violência em relacionamentos.
Entre as estratégias de prevenção primária consideradas promissoras, estão o empoderamento econômico da mulher aliado à formação em igualdade de gênero, o fomento da comunicação e das relações interpessoais dentro da comunidade, a redução do acesso ao álcool e seu uso nocivo e as que mudam as normas culturais em matéria de gênero.
A organização defende ainda que, para uma mudança duradoura, “é importante promulgar leis e formular políticas que abordem a discriminação contra as mulheres; promovam a igualdade de gênero; apoiem as mulheres; ajudem a adotar normas culturais mais pacíficas”.
Neste sentido, instituições como a Defensoria Pública, Ministério Público e Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), falham no cumprimento de suas responsabilidades. Ou fazem pouco!
Em setembro do ano passado, a Assembleia Legislativa de Alagoas criou a Procuradoria Especial da Mulher, com a “missão de receber denúncias de violência, acompanhar atos discriminatórios contra a mulher, além de fiscalizar e acompanhar a implementação de políticas públicas”. Até agora não se sabe qual ação já foi desenvolvida para que essa Procuradoria cumpra sua missão.
Há uma variedade de fatores que precisam ser analisados para que os órgãos de segurança pública emitam relatórios mostrando redução nos números da violência contra a mulher. Mas é preciso dar os passos necessários. Passos que vão além de reuniões de gabinetes, de conferências e encontros tais e quais.
Há uma Mariele em Alagoas que, como todas as outras mulheres vitimadas, clama por justiça!
2 Comentários
Que a Procuradoria Especial da Mulher se pronuncie. Estamos aguardando.
As mulheres e os jovens tem sido as maiores vítimas da violência em Alagoas.
Vamos ficar mais atentos e cobrar a apuração desse e de outros casos.