10 de julho de 2020 8:00 por Redação
No dia 12 de fevereiro, com a Exortação Apostólica pós-Sinodal do Papa Francisco, Querida Amazônia, fruto do Sínodo dos Bispos, realizado em outubro de 2019, no Vaticano, “dirigida ao povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade”.
Compreender as linguagens, o que elas contêm, é um dos grandes desafios. Nesse sentido, é importante entender o que os documentos do processo sinodal contêm, especialmente Querida Amazônia, e que poderíamos considerar como aquele em que o Papa Francisco se expressa mais pessoalmente, a partir do seu coração de pastor.
A exortação foi escrita em quatro capítulos, os sonhos expressos pelo Papa Francisco: o sonho social, o sonho cultural, o sonho ecológico e o sonho eclesial.
O sonho social expressa o seu desejo de uma Igreja ao lado dos pobres, denunciando “a devastação ambiental da Amazônia”. Onde, os povos originários, afirma, sofrem uma “sujeição” seja por parte dos poderes locais, seja por parte dos poderes externos. Para o Papa, as operações econômicas que alimentam devastação, assassinato e corrupção merecem o nome de “injustiça e crime”.
Ao sonho cultural, é dedicado o segundo capítulo da “Querida Amazonia”. O Papa esclarece que “promover a Amazônia” não significa “colonizá-la culturalmente”.
Para Francisco, é urgente “cuidar das raízes” (33-35). Citando as Encíclicas anteriores, Laudato si’ e Christus vivit, destaca que a “visão consumista do ser humano” tende a “a homogeneizar as culturas” e isso afeta sobretudo os jovens. A eles, o Papa pede que assumam as raízes, que recuperem “a memória danificada”.
O terceiro capítulo, o sonho ecológico, é enfatizado um “Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.”
O sonho eclesial, onde duas palavras do Papa resumiriam esse sonho: renovação e criatividade: é o sonho eclesial do Papa. O último capítulo do documento pontifício é dedicado aos desafios que a Igreja é chamada a enfrentar na região.
“Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazónicos.”
Todos esses aspectos apontam para um itinerário de trabalho que precisa de continuidade. O documento não é, portanto, a ‘última palavra’; ao contrário, quer provocar a avançar e a aprofundar as tantas questões que dizem respeito à obra da evangelização, em primeiro lugar junto à região Pan-Amazônica.
Lendo a Querida Amazônia, somos arrebatados pelo encantamento de muitas expressões do Papa Francisco, como: “Somos água, ar, terra e vida do meio ambiente criado por Deus. Por conseguinte, pedimos que cessem os maus-tratos e o extermínio da ‘Mãe Terra’. A terra tem sangue e está sangrando, as multinacionais cortaram as veias da nossa ‘Mãe Terra’” [n. 42].
Mas, fica um questionamento: a Querida Amazônia do Papa Francisco não é querida por alguns, e quem são eles?
Certamente, ela não é “querida” pelo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro e seus ministros, da extrema direita, antiamazônicos e anti-indígenas. Ela não é “querida” pelos madeireiros, nem pelos “garimpeiros” do ouro e pelas empresas nacionais e internacionais que pensam nas minas, nas hidrelétricas e na exploração das riquezas naturais amazônicas. Mas isso era de se esperar.
Esperamos que essa forma carinhosa e respeitosa utilizada pelo Papa Francisco tenha ressonância na vida e nos corações daqueles e daquelas que continuam sonhando e lutando por um mundo melhor, igualitário onde os sonhos expressos pelo Papa sejam realidade e não mais um pesadelo vivido.
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