17 de março de 2020 9:10 por Thania Valença
Já se sabe, com base em dados do Ministério da Saúde, que o país precisa aumentar em 20% o número de leitos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Somente assim será possível garantir o tratamento de pacientes com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Em Alagoas, cuja estimativa é de 4% de déficit no número de leitos, só há 5.891 leitos hospitalares. Desse total, 4.807 são do SUS, ou seja, o equivalente a 83.2%. Os leitos da rede particular somam 1.084. Somados a esses estão os leitos de UTI, que o Ministério da Saúde define como complementares. Em Alagoas são apenas 723 leitos, sendo 488 leitos do SUS, e 235 chamados não SUS.
Um número baixo se considerarmos a realidade a ser enfrentada em meio a pandemia do coronavírus. O SUS nunca teve orçamento suficiente para disponibilizar um número suficiente de leitos, principalmente os de UTI, uma necessidade fundamental à sobrevivência de pessoas infectadas pelo novo coronavírus que apresentarem quadro grave da Covid-19.
Atualmente, o SUS dispõe de 14,8 mil leitos de UTI para adultos em todo país, dos quais 14 mil (95%), segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), entidade de representação dos médicos que trabalham em Unidades de Terapia Intensiva, estão ocupados. De acordo com a Amib, são necessários 2.960 novos leitos para garantir o tratamento das pessoas afetadas pela Covid-19.
Mas, como comprova a corrida aos postos da rede pública estadual e municipais, é no SUS onde milhões de alagoanos e brasileiros buscam e encontram atendimento. A pandemia do coronavírus está servindo para mostrar que a onda privativista do atual governo atinge a própria sociedade.
A Covid-19 vai mostrar que, como o SUS, as áreas da educação e assistência social estão sendo duramente atingidas pela aplicação dos dispositivos da Emenda Constitucional nº 95, promulgada em dezembro de 2016, que congelou os gastos públicos por 20 anos. O congelamento de gastos foi proposto pelo então presidente Michel Temer (MDB/SP), um governante desqualificado que se colocou a serviço dos banqueiros, dos planos de saúde, do setor privado de saúde e do mercado financeiro. A medida que aprovou no Congresso Nacional, fez somente aprofundar a crise na rede pública de Saúde (SUS).