28 de março de 2020 8:58 por Thania Valença
Quanto mais setores funcionando, gente se movendo e usando transporte público, maiores as chances de propagação do coronavírus e, claro, de aumento do número de vítimas da Covid-19, doença respiratória grave. Além do risco de morte que a doença traz, a pandemia do coronavírus está sendo um teste para a rede pública de saúde.
Em Alagoas, onde já há 14 pessoas infectadas, entre elas uma jovem de 26 anos de idade, e 323 casos suspeitos, a maior preocupação dos secretários municipais de saúde é com a falta de estrutura das redes estadual e municipal para atender aos atingidos, caso a doença se alastre em proporções de pandemia, como temem as autoridades.
A crise e seus riscos tem sido o tema das conversas entre os secretários, que alertam para os problemas decorrentes da falta de insumos (como máscaras de proteção) e de equipamentos necessários ao atendimento em caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), como os kits de testes rápidos para diagnósticos. Nessa batalha, o governo federal enviou para Alagoas uma remessa de material, mas a quantidade foi considerada insuficiente pelo Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems).
“A quantidade que chegou é irrisória” – reclamou a presidente do Conselho, Isabelle Pereira, secretária do município de Teotônio Vilela. Segundo ela, o material não atende as necessidades dos municípios, especialmente de insumos e equipamentos de proteção individual. Há municípios, revela a secretária, que está com seus estoques baixos, mas há também aqueles que estão praticamente zerados.
Esse, alerta a presidente do Consems, é um dos graves problemas que os municípios terão que enfrentar, já que a tendência é de aumento da demanda nas unidades de saúde. A lista enviada pelo Ministério da Saúde (MS) inclui álcool em gel, óculos de policarbonato, luvas de procedimento, máscaras, sapatilhas e toucas descartáveis.
Outra grave questão é a quantia que chegou para ser distribuído com os municípios, valores também considerados irrisórios pelo Cosems. Segundo Isabelle Pereira, 88 municípios alagoanos vão receber R$ 2 per capta (por pessoa). Ela diz que o estado recebeu R$ 9,7 milhões para as ações de combate ao coronavírus, quantia que será debitada dos valores do Fundo Municipal de Saúde.
Lembrando que o governo estadual já investiu cerca de R$ 30 milhões no enfrentamento da pandemia, a secretária reafirma que o valor liberado pelo governo federal “não dá pra praticamente nada”. Segundo ela, na última reunião com os secretários municipais, o governador Renan Filho informou que pediu ao Ministério da Saúde que, nesse momento, ao invés de dinheiro enviasse insumos. Mas recebeu como resposta a informação de que o MS está tendo dificuldades de encontrar fornecedores.
“Temos que estar unidos para enfrentar essa crise, pois não há uma solução imediata para a falta de insumos e equipamentos. Cremos que os fabricantes nunca imaginaram uma situação como a que estamos vivendo” – ilustra Isabelle Pereira.
Sobre o material enviado pelo Ministério da Saúde, ela diz que será distribuído igualmente com todos os municípios. Mas alguns, como Teotônio Vilela, por ter estoque, está abrindo mão dos materiais. A Secretaria de Saúde de Santana do Mundaú está abrindo mão das luvas, por ter em quantidade.
Veja a lista, com a respectiva quantidade, enviada pelo MS:
ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO 70% GEL – 100 ML
Quant.: 288 unid
ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO 70% GEL – 500 ML
Quant.: 312 unid
ÁLCOOL ETÍLICO LÍQUIDO 70°- BOMBONA 20 LITROS
Quant.: 200 unid
LUVA DE PROCEDIMENTO USO GERAL – LATEX “G”
Quant.: 67.000 unid
LUVA DE PROCEDIMENTO – LATEX “G”
Quant.: 13.000 unid
LUVA DE PROCEDIMENTO – LATEX ” M”
Quant.: 13.000 unid
LUVA DE PROCEDIMENTO – LATEX ” P”
Quant.: 7.000 unid
MÁSCARA DESCARTÁVEL COM ELÁSTICO
Quant.: 20.000 unid
ÓCULOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL, POLICARBONATO, ANTIEMBAÇANTE, C/ PROTETOR LATERAL
Quant.: 320 unid
SAPATILHA DESCARTAVEL
Quant.: 100 unid
TOUCA DESCARTÁVEL COM ELÁSTICO
Quant.: 30.000 unid