17 de abril de 2020 7:32 por Thania Valença
Criada em 2012, no município alagoano de Piaçabuçu, a 136 quilômetros de Maceió, a Associação Aroeiras é um exemplo de associativismo que deu certo. Aliada a um conjunto de práticas solidárias, a associação é hoje uma alternativa socioeconômica capaz de reduzir a exclusão social naquela região do estado. A Aroeiras é também um exemplo de extrativismo sustentável, contribuindo decisivamente para a melhoria das condições de vida de seus associados.
A base da entidade é a extração dos recursos naturais disponíveis na região da Mata Atlântica. A atual presidente é Rita Ferreira, que entrou na atividade em 2011, antes mesmo da organização como entidade associativa. “Ganhamos aqui mais do que o dinheiro. Ganhamos liberdade e consciência de nosso poder como mulher e chefe de família” – afirma a presidente, sobre a importância de estar associada.
Ao mesmo tempo que garantem emprego e renda, os associados recebem formação para assegurar que a extração das chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) seja feita de maneira eficaz e sustentável, preservando e conservando aquilo que beneficia muitas famílias da comunidade, com emprego e renda. “Muitas das plantas só existem aqui” – ressalta Rita Ferreira, listando pancs como camboí, tamarino, genipapo e araçá, entre aquelas que são tratadas na Associação Aroeiras.
Ali, os associados aprendem novas formas de manuseio, rotulação e envase, agregando qualidade e valor ao produto e maior acesso ao mercado. A partir de frutas típicas da região como cajú, araçá e cambuí, as 95 pessoas que compõem a associação produzem bolos, doces, compotas, biscoitos e outras guloseimas.
O carro-chefe da Associação Aroeiras, porém, é a pimenta rosa, especiaria que tem conquistado o mundo e os paladares mais apurados. Também chamada de semente de aroeira, tem alto valor agregado e já está incorporada ao conceito de responsabilidade social, fomentando a cadeia produtiva na região.
“Antes a gente só tinha in natura. Agora, com apoio e conhecimento, a pimenta rosa é industrializada, alcançado muito valor e durabilidade. Nosso produto já é conhecido em todo país” – ressalta a presidente Rita Ferreira. Sua argumentação é referendada pela extrativista Núbia Alexandria, uma das 50 mulheres que compõem a Aroeiras, Núbia diz que o trabalho na associação é “uma grande oportunidade para nós, mulheres, termos renda”.
A presidente destaca ainda projetos como o Cozinhar com Ecosustentabilidade, parceria com a Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades/AL) em que as mulheres trabalham com as frutas nativas; o Bosque Berçário das Águas , parceria com o Comitê da Bacia do São Francisco, de incentivo ao reflorestamento e recuperação da mata ciliar; e o Pronera, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
“Temos muito trabalho, e grandes parceiros nos ajudando” – afirma Rita Ferreira. A Associação Aroeiras tem a propriedade de receitas populares e produtos goumert.