24 de abril de 2020 6:59 por Marcos Berillo
Com um discurso cheio de mágoas – apesar da negação – e demonstrando frequente necessidade de reafirmar sua autoridade, o presidente Jair Bolsonaro discursou, na tarde desta sexta-feira, 24, na tentativa de rebater as declarações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que pediu demissão nesta manhã.
Sobre a demissão do delegado-geral da Polícia Federal, Marício Valeixo, o presidente reafirmou que teria sido a pedido, pois o agente se dizia muito cansado e não teria interesse em permanecer no cargo.
Em sua conta oficial no Twitter, logo após o pronunciamento de Bolsonaro, Moro disse que não foi bem assim:
“De fato,o Diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído.Mas,ontem,não houve qualquer pedido de demissão,nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado”.
Bolsonaro também chegou a acusar Sérgio Moro de aceitar a troca na PF pela indicação de seu nome a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O ex-juiz rebateu:
A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF.
Cercado de ministros, alguns parlamentares e assessores, o discurso de Bolsonaro pode ser resumido da seguinte forma:
- Não tem de pedir autorização a ninguém para trocar algum ocupante de cargo no Poder Executivo;
- pedia a Moro, mas nunca obteve, um relatório diário das atividades da PF para poder tomar decisões de governo;
- durante a gestão de Moro, a PF estava mais preocupada em investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, que o atentado sofrido por ele durante a campanha eleitoral;
- se Moro queria ter independência e autoridade deveria se candidatar.
Com informações do G1