Jurandyr Cavalcanti, um mestre da pintura

20 de junho de 2020 3:06 por Geraldo de Majella

O artista plástico Jurandyr Cavalcanti nasceu na Rua Voluntários da Pátria, no Centro de Maceió, no dia 20 de setembro de 1929. É funcionário público aposentado e economista. Filho de Nelson Cavalcanti e Elisa de Medeiros Cavalcanti, seu núcleo familiar é composto por seis irmãos, sendo dois homens e quatro mulheres: José e Jurandyr, Jacyrema, Jandyra, Jacyra e Janyra. Em 1957, casa-se com Zenilda de Medeiros Cavalcanti e constituem uma família com três filhos: Rosângela, a primogênita, Sandra (falecida) e Fábio de Medeiros Cavalcanti.

Em Maceió, estudou em escolas públicas. Fez o curso primário no grupo escolar Tavares Bastos; o ginasial, no Colégio Estadual, antigo Lyceu Alagoano, de 1943 a 1946; e o colegial, também no Colégio Estadual, de 1947 a 1949. Duas décadas depois entrou para a faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap); iniciou o curso em 1965 e formou-se em 1968. De 1949 a 1950 serviu o Exército, no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR).

Exerceu a função de Fiscal de Rendas Auxiliar da Secretaria da Fazenda e da Produção de Alagoas entre 1948 e 1954, ano em que foi trabalhar no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), onde ficou até 1981. Em 1964 é transferido para Recife, lotado na Superintendência do IAPI; anos depois, foi trabalhar na agência de Paulista, região metropolitana, onde se aposentou. Foi produtor da empresa Jornal do Comércio de setembro de 1965 a maio de 1966; o trabalho era realizado em casa.

O início das suas atividades como pintor profissional ocorreu em 1957. Na fase anterior, era um pintor que fazia cópias de outros pintores, razão pela qual não considera que essa fase possa ser considerada como uma atividade profissional. O marco inicial de sua vida artística dá-se quando pinta o seu primeiro quadro, a fachada da casa onde residia a sua noiva e futura esposa, na cidade de Capela, em Alagoas. De 1957 a 1964 as atividades como artista plástico ocorriam apenas nos finais de semana.

Ao se mudar para Olinda, em 1964, onde viveu até 2016 ‒ atualmente reside em Brasília ‒, é que se dá a virada em sua carreira ao aderir ao cubismo, movimento artístico vanguardista de origem francesa do início do século XX, cuja característica básica são as formas geométricas para retratar a natureza. Os fundadores do movimento são o artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) e o francês Georges Braque (1882-1963).

Para Jurandyr Cavalcanti, o mundo das artes se descortinou a partir de 1964, quando foi morar em Olinda e estabeleceu contatos com galerias de artes do Recife. A sua participação na exposição em que foi inaugurada a galeria Arte Maior em 1979, em Recife, é talvez o mais significativo encontro do artista com a galeria como um meio que possibilitou a comercialização das suas obras. Nela realizou três exposições individuais nos anos de 1980, 1984 e 1989. Também participou de exposições coletivas em galerias, salões e espaços culturais em Maceió, Brasília, Aracaju e Recife. Em 1978 foi selecionado para participar no XXXII Salão do Museu do Estado de Pernambuco e no VII Salão dos Novos (MAC) de Olinda; expôs no Rotary Club de Caruaru (PE) em 1986. Participou, ainda, do concurso “Imagem e Poesia”, realizado no Espaço de Arte Frans Post, de Olinda, em 1996.

Na década de noventa teve as suas obras levadas para duas exposições internacionais, organizadas pela galeria Arte Maior: em Minneapolis, nos EUA, em 1997, e em Petaling Jaya, na Malásia, em 2001. Foi agraciado com o diploma “Paleta de Ouro”, uma homenagem do curso integrado de pintura Jacques Weyne.

Ao completar 54 anos de atividade profissional, em 2011, decidiu pintar um quadro da Santa Ceia, em grande dimensão, o que não é a sua característica. O trabalho foi muito bem recebido pelos críticos. A crítica pernambucana o considera como um dos mais talentosos pintores. Mantém-se fiel ao estilo cubista desde a juventude, sempre retratando o cotidiano do povo nordestino.

A obra de Jurandyr Cavalcanti é extraordinariamente volumosa, sendo estimada em 1.500 quadros aproximadamente. O registro, ainda incompleto, da sua obra comercializada pela galeria Arte Maior está próximo de 1.100 quadros. O artista diz que a arte em sua família é algo natural, pois suas irmãs cantavam, tocavam violão e cavaquinho, e na juventude se apresentavam no colégio e para grupos de amigos, na Maceió dos anos quarenta, cinquenta e sessenta.

Ele, quando jovem, participava de alguns conjuntos vocais em Maceió, como dupla, trio, quarteto e quinteto, fazendo sempre a segunda voz e acompanhando com o violão.

Da geração das sobrinhas e sobrinho, há vários que se dedicam às artes. Eliana Cavalcanti é quem melhor representa a família na dança: foi bailarina profissional no Recife e desde 1973 é professora de dança em Maceió, onde contribuiu para a formação de várias gerações de professores e bailarinas(os), ao fundar a primeira escola de balé de Alagoas e criar o Grupo de Ballet Eliana Cavalcanti em 1981, denominado, mais tarde, de Ballet Íris de Alagoas.

Vitor Cavalcanti, sobrinho-neto, é economista e artista plástico. Ricardo Medeiros, pai de Vitor, é escritor e agitador cultural em Olinda e Recife. As irmãs Jane Assumpção, médica e professora da UFAL, pintora amadora e escritora; e Nadja Cristina, engenheira e pintora. Uma nova geração de sobrinhos tem se dedicado à música, como é o caso de Bianca Muller (Biah Muller) e Rita Medeiros, cantora clássica, “mezzo” soprano. Mateus Cavalcanti, seu neto, é escritor. Lilian, sua prima, é pintora e poetisa.

O irmão, jornalista José Medeiros Cavalcanti, começou no jornal Gazeta de Alagoas, mas foi no jornal do Comércio, em Recife, que se destacou como crítico de arte. Jurandyr diz que: “As artes, em suas diversas manifestações, se fazem presentes em nossa família”.

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